sábado, 6 de setembro de 2008

"Eu gosto muito de você!"

Segunda-feira levantei razoavelmente cedo, tomei um banho, lavei a peruca e me pus a fazer as malas. Era o dia da tão esperada mudança. Graças àquela pessoa que gosta de mim pra caralho lá em cima, mais 4 braços se ofereceram para me ajudar com as malas. Ainda bem porque senão eu teria de dar umas 3 viagens, no mínimo, para transportar tudo. Parece que toda vez que faço mudança meus pertences aumentam (e olha que eu não faço compra de roupa, sapato, nem nada). Bom, lá pelas 6 da tarde a Mari chegou e logo o Antonio, meu outro amigo brasileiro, apareceu também. Nos colocamos em marcha para pegar o metro. E dá-lhe subir e descer escada com as tais malas, uma mochila e algumas bolsas. Foi um pouco cansativo mas nada que pudesse matar alguém. Assim que cheguei e deixei tudo no quarto, me arrumei pois ainda tínhamos um jantar (justamente nós 3) no restaurante de um outro amigo brasileiro, o Fernandes. Para resumir a noitada de comilança rolei na casa até às 4 da manhã, sem poder dormir com a pança cheia. E fazia calor. Muito. Essa foi a primeira coisa que notei no quarto novo. Ou melhor, a segunda. A primeira é que a cama faz barulho pra caralho. Mas eu sobrevivi.

Terça-feira fui visitar seu Joselito em Vallcarca porque o joelho dele tava mesmo fudido e ele nem quis sair para jantar na segunda (e olha que ele ama comer...se bobear mais que eu). Levei alguns doces como cortesia para ele e para Esther pois eu sabia que ela também estaria em casa (acho que já comentei sobre ela, é a companheira - ou compi, como se diz aqui - de piso do Joselito). Cheguei e confesso que fiquei um pouco assustada: o joelho dele estava imenso. Tomei algumas cervejas enquanto eles terminavam o almoço e depois fomos ver um filme. Ainda não tinha visto "Onde os fracos não têm vez", dos irmãos Cohen. É, o filme serviu para me mostrar, mais uma vez, que a vibe desses cineastas não me mola (não me apetece, não me toca). Mas tenho que dizer que o filme é o Javier Bardem. A montagem e a fotografia são boas, o elenco também, mas...enfim, não fez minha cabeça. Já deitados, devidamente acomodados com nossos sonos e alguns porros na mente, tive que mostrar serviço (afinal ele tava mal da rodilla). Depois, perguntei para ele se eu já havia dito alguma vez que gostava muito dele. Claro que ele respondeu que não. E claro que eu falei de novo. Primeiro em espanhol, que eu já disse que não me soa bem (me gustas mucho). E depois em português. Depois ficamos ali, muito tempo, a nos acariciar, a namorar como dois adolescentes apaixonados. É, acho que estou ficando enamodada dele mesmo...

Quarta-feira, depois de muita insistência minha, fomos ver um médico (ele tentou trabalhar no trixi e não conseguiu, dobrar a perna custava muito). Chegamos lá e...bem, perdemos a viagem. Ali ele descobriu que o convênio não cobria aquele tipo de consulta (o convênio que ele tem da empresa). Só restava a ele marcar uma visita com seu medico de cabecera. Restava a mim fazer hora antes da reunião com os promotores da Bikini. E nos restou, então, sentarmos num bar e tomar umas cervejas vendo o tempo passar. Pude fazer as perguntas todas que ainda me rondavam a cabeça acerca de sua origem (descobri que ele nasceu em Mallorca e não em Menorca. Ambas são ilhas, mas são distintas e um tanto distantes...), sua formação e, porque não, seus ex-relacionamentos. Foi uma conversa produtiva, engraçada, e claro, cercada de beijos, abraços e Voll-Dams.

À noite, fui repartir os flyers e depois ia para casa, direto. Mas acabei indo para a Bikini com a Mari e o Antonio. Acho que fiz bem porque me diverti a valer e voltei para casa lá pelas 4 e meia da manhã daquele jeito...

Então chegamos à sexta-feira e à esperada festa de aniversário de Javi (amigo dos trixistas). Jose já estava melhor, já conseguia pedalar. Dormi lá de quinta para sexta e o ajudei a ir até o trabalho com uma mochila super pesada cheia de equipamentos eletrônicos. Ele ama música, tem um ótimo gosto musical, como eu já disse, e também tem um puta barato de colocar som nas festas (Dj aqui se chama pincha-discos). Ele ia discotecar e eu não iria perder. Trabalhei que nem uma louca durante a tarde e me preparei para ver o acontecimento. A festa até que tava legalzinha, dancei salsa com o Rodrigo (outro trixista), com o Gabriel (mais um) e, ao final, com Joselito. Aconteceram algumas coisas no mínimo, peculiares, nesta festa. Primeiro que pedi uma breja e a camarera me disse que só tinha canha negra (chopp escuro). Não quis e fiquei com um gin toni para, na seqüência, o Rodrigo pedir o mesmo e receber uma Estrella. Acho que a mina não foi com a minha cara. Depois misturei as Voll-Dams e o gin toni com 3 porros e fiquei mal. Mas mal da cabeça mesmo, não do estômago. Parei de conversar com o povo da mesa e tudo. Jose viu que algo raro se passava e veio em meu auxílio. Deixou Marcos no comando da pick-up e veio me dar um pouco de água. Quinze minutos depois eu era outra pessoa e voltei para a pista para bailarmos. Foi quando um cabeludo se aproximou e teve a cara de pau, mesmo vendo que eu e Joselito estávamos quase grudados (sem mãos dadas, nem nada, mas já tínhamos dado uns bons pegas pela pista), de perguntar se podia falar comigo. Joselito respondeu que se ele queria fazer alguma pergunta, que fizesse a mim pessoalmente, afinal eu não era muda e nem surda. E não foi que o cara fez mesmo? Chegou dizendo que tava a fim de falar comigo a noite inteira. Minha resposta: "pues yo no", e abracei Joselito por trás até o fulano se inteirar (se é que já não sabia) que estávamos juntos. Ainda falou umas coisas que nem fiz questão de entender e saiu. Joselito viu que eu fiquei meio encabreada e tratou logo de vir me agradar. Esperava que ele dissesse algo, como "melhor não, estamos juntos", ou "ah cara, a mina tá comigo, desencana". Acho que ainda tenho muito que aprender sobre relacionamento com os espanhóis.

Pouco depois a festa tinha que parar, o clube onde tava rolando o evento tinha que fechar às 4 e já eram 4 e alguma coisa. Pegamos nossas mochilas, nossas bicis e subimos para Vallcarca. Claro que quase morri na subida, com todo o peso do corpo, da Isolda e da mochila. Ele ainda quis fazer uma pausa, por mim, mas eu achei melhor subir de vez, vai que eu páro e perco o embalo? Chegamos, nos banhamos e quando perguntei as horas (depois de fumar o último porro), já eram 5 da matina. Jurava que ele ia querer dormir, estávamos cansados e tal. Mas quando eu disse "bona nit" (boa noite, em catalão), parece que algo se acendeu dentro dele. Aí pude perceber que a rodilla dele estava totalmente curada. Um tempo depois, já no nosso namoro de travesseiro, ele me pergunta: "yo ya le dije que me gustas mucho?"; e eu: "hmmm...creo que no". Ele continuou: "tampoco te he dicho en portugues?", e eu: "tampoco". Então ele me solta: "eu gosto muito de você!". Enchi-o de beijos. Acho que foi umas das coisas mais bonitas que ele poderia ter me dito ali, naquela hora.

O resto é resto.

Atualizações:
- Vou começar um curso de catalão. Sei que é uma língua que quase ninguém fala, que não se usa em canto nenhum a não ser aqui, na Catalunha, mas...é de graça e eu não ando fazendo porra nenhuma o resto do dia. Depois conto mais.
- Comecei uma dieta básica. Nada daquelas loucuras de ficar sem comer porque não posso me dar o luxo de adoecer aqui. Mas creio que logo, com o auxílio da Isolda, vou ver o resultado.

4 comentários:

Mari disse...

Eu posso falar porque vejo e convivo. Keke e Joselito é um casal demais, que torço muito para que dê certo sempre!!!
beijocas

FeltroMonia disse...

hi hi hi
"E eu sorrindo de orelha a orelha
Você com a pele bonita
Que fica sempre vermelha,
QUando eu te amo,
De forma infinita...!"

Se assim seja!

Janaina Basilio disse...

Tdo. de bom pra vc com a nova cama, com o amor e com o curso (catalão??? Só vc mesmo hehehe)

Bjs

Édnei Pedroso disse...

"Onde os Fracos Não Têm Vez" é 100% meia boca mesmo. Se tu queres ver filme pra valer e uma atuação que come Javier Barden no café da manhã, pega "Sangue Negro", com o Day-Lewis.

A propósito, minha vez de iniciar-me no ramo das mudanças, rsrsrsrsrs. Deseje-me sorte.

Beijo.