segunda-feira, 30 de junho de 2008

Campeones! Campeones!

Depois de 44 anos na fila da Eurocopa, finalmente a Espanha é campeã. Não sei, não, mas acredito que minha torcida fez toda diferença..rs...Bom, e como vitória é sempre bem-vinda e esta há muito era esperada, vamos comemorar...bebendo. É, é, é...Aquela coisa toda de novo, de ver o jogo num bar, gritar que o juiz é um "hijo de puta!" a cada 2 minutos, se exaltar e se abraçar ao final. Tudo isso eu fiz também. E com um bônus.

Alguns detalhes
- Pense num lugar quente. Muito quente. Pense nesse lugar como um local para umas 25 pessoas. Agora pense que havia nele mais de 60, apertadinhas, de olhos grudados na TV. Acredito que agora você já tem uma noção próxima do quão quente estava o bar onde eu e meus amigos trixistas vimos o jogo. Era como se cada gole de cerveja saísse pelos meus poros antes mesmo de chegar à garganta. Praticamente uma sauna.
- Quando cheguei o jogo já havia começado. Mal tive como cumprimentar quem já estava lá, acomodado. Entre eles o Bonete. Quando deu o primeiro intervalo, saí para tomar um ar porque já estava sufocada. Logo ele veio me abraçar, perguntar como eu estava...aquela coisa fofa de sempre. E mais uma vez aqueles olhinhos que sempre sorriem para mim.
- Tomei umas 5 cervejas (long neck). Devo ter pago uma. A coisa aqui é machista, mas do bem. Do tipo: "você é nossa convidada". Isso sempre.
- Um indiano estava tirando fotos a torto e à direito do bar. Depois que me viu, toda hora queria tirar outra. Perguntei qual era a dele e ele disse que tinha um site e tal e coisa. No final pediu meu celular, meu email e tudo. Disse que agora tenho mais um amigo. Indiano.
- Antes de ir com os meninos ao bar, esperei que todos terminassem de lavar os trixis, para irmos juntos, claro. Nisso conheci mais um italiano, amigo do Carlos. Ô meu pai...e não é que esse cara, o Sergio, ficou falando todo o tempo que eu era guapisima e me convidou para ir á praia com ele amanhã? Será que assim como os argentinos, minha sina também são os italianos? Que catso!Disse que ia pensar e ele logo pediu meu telefone. Dei, né. Felizmente no final do jogo ele foi pra um lado e eu pra outro. Não por nada, mas chega de gente melando meu objetivo final, pô.

Jogo terminado, bombas pelas ruas, toda a galera soltando aquele grito preso de "campeones! campeones!" e eu no meio. Desse bar, fomos bebendo de igreja em igreja (porque aqui é proibido beber na rua, mas em qq praça ou canto por onde se vá sempre já uma orde de marrocos ou índios vendendo cerveja em lata. Por 1 euro, que é até melhor.

De repente, aconteceu. Sem introdução, sem nada. Eu estava perguntando como iríamos fazer para arrumar as bicicletas, querendo saber se vai rolar mesmo porque senão vou comprar e de repente...pum! Ele me beija. Foi uma coisa tão inesperada que saiu totalmente desajeitada. Ele veio me abraçar e do nada virou e me beijou. Foi quase um selo porque quando tive algum ímpeto de abrir a boca ele já estava me abraçando de novo. Preciso pedir para as brasileiras me explicarem o que isso quer dizer porque não entendi nada. Logo depois um outro trixista pegou ele pra conversar e...cadê ele? Foi embora sem nem dar tchau. Tudo bem que tava todo mundo enborrachado, mas e a educação? Ai, ai, ai...minha cabeça ficou meio atrapalhada, mas não perdi o rebolado e continuei bebendo com a turma que restou. Os sobreviventes e eu. Até às 3h.

Um pequeno flashback
Já contei da gandaia de sexta. Sábado aconteceu praticamente a mesma coisa. Com a diferença de que quase não falei com Simone, que estava mais soturno que tudo. Passei no Gap, depois fomos todas para a Roxy Blue e voltamos lá pelas 7h. O mais engraçado era eu e a Thany, meio bebinhas, querendo pedir pizza como se alguma estivesse funcionando àquela hora.

Enfim...agora estou aqui, cheia de ponto de interrogação na cara e na cabeça, sem saber ao certo o que fazer. Amanhã quero passar o dia no Parque, lendo (depois da aula) e depois quero encontrar os amigos de sempre. E descobrir o que vai acontecer daqui pra frente. A seguir...

sábado, 28 de junho de 2008

Folga e Roxy Blue

Quer saber de uma? Resolvi que eu merecia um belo descanso depois de muitas noites bebendo em companhia daquela gangue de malucos dos trixis. Desliguei o alarme do celular e dormi até cansar. Tirei a sexta-feira para cuidar de mim. Levantei quase uma da tarde, fiz as unhas, arrumei meu currículo, botei fotos no orkut. Enfim, resolvi todas as pendências pessoas. Maravilha. Aí, depois de ficar o dia todo em casa, sem nem botar a cara na rua, à noite recebi um convite da Thany para ir ao bar em que ela trabalha. "Já que tava em cima da mesa, não posso fazer nada...." botei uma roupa basiquinha e me joguei. Pois é...me joguei e fui jogada em rodadas e mais rodadas de chupito, oferecidas pelo Gabi, ("puto chefe", como ele mesmo se autoedefiniu a noite toda), sem direito a recusa. Foi tanta mistura que uma hora eu pensei: amanhã não tiro a cabeça do travesseiro.

Por volta das 4h, bar fechado e tudo arrumado, esse Gabi chama a todos os amigos que estavam no bar para ir a uma boate chamada Roxy Blue. Eu, que já tava na garupa do Bozo e afim de saber como era uma noitada aqui em Barça me joguei de novo.

O meio de transporte
Foi a primeira vez que andei de Mercedez. Sou tão tapada e desligada dessas coisas que só descobri porque Gabi, ao entrar no carro e dar as chaves para Simone dirigir, perguntou a ele se este sabia dirigir uma Mercedez. O que eu achei? Ah, carro é tudo igual mas...com teto solar é mais legal, confesso.

E dá-lhe mais vodka com laranja, rum com coca cola, e não sei mais que catso de bebida eu tomei. Mas o pior é que não subia. Tirando o mal estar inicial de tomar tanto chupito (doce que só o diabo), depois tudo foi ficar fácil. E nada de álcool subir pra cabeça.

Saímos de lá por volta das 6h e, tal qual como em São Paulo, ainda tive direito a café da manhã. Só que aqui não se toma na padoca, mas sim nos restaurantes. A idéia não foi minha, confesso. Estava tão envolvida em discussões com Simone que nem tinha pensado. Mas uma vez feita a sugestão por Thany, abraçados de coração aberto.

Quem é essa figura?
No GAP trabalham basicamente 3 pessoas: a Thany, a Ju (também brasileira) e o Simone. Sim, é um homem. E pelo nome, adivinha? Italiano, claro. Já o tinha notado quando cheguei, mas depois, com mais calma reparei bem e vi que era um pedacinho. Sim porque só seria pedaçudo se fosse alto, coisa que ele não era. Devia ter lá seus 1,75cm, nada mais. Não nos falamos em momento algum no bar, exceto na hora da arrumação que ele veio me perguntar se era amiga de Thany. Foi aí que começamos a discutir. Primeiro porque ele queria corrigir meu espanhol. Dizia que eu não falava bem ao que eu respondia que nunca havia dito o contrário. Depois passamos a falar de hábitos brasileiros e italianos e a coisa meio que azedou. Ele queria ter razão em tudo, sabia de tudo, lia de tudo, mas eu não sei que raio de fontes eram essas que na maioria das vezes estavam totalmente equivocadas. Resolvi deixar ele de lado e comecei a conversar com outro rapaz que estava na turma. Daqui a pouco lá me vem ele de novo, rindo. Só então percebi que ele estava, o tempo todo, enchendo meu saco, de gozação. Aí ele viu com quem tava brincando. Cada uma que ele dava, eram 3 deixas para ouvir algo. Foi bem divertido. Falamos em espanhol, português e italiano. Intercâmbio cultural de primeira qualidade. Na hora de pagar a conta do café eu dizia que em SP somos acostumados a rachar. Ele disse que não estávamos no Brasil, nem na Itália, então que na próxima eu pagava, pra ficar tranqüila. A resposta: "Você acha que vamos mesmo nos encontrar de novo?". A princípio não me respondeu. Depois riu. É...seria bom se isso desse uma boa tarantela.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Essa ressaca que nao passa...

Sim, sim, sim, eu bebi. De novo. Confesso que no auge dos meus 27 carnavais (bem vividos, bebidos e mau dormidos) fica difícil mudar alguns hábitos. Mas também, pensa comigo: verao, sol até às 10 da noite, calorao e um convite feito por um gato (nao qualquer um, mas o Eduardo, sabe?), em que podia dar? Cervejada, claro. E mais uma noite eu fiquei até tarde, andando tontinha pelas ruas, depois de encher a cara vendo a semifinal da Eurocopa. Ai, ai...ô vida dura.

Foi mais ou menos assim: saí da aula, fui pra casa, comprei um celular, descansei e fiz o meu passeio rotineiro de todas as noites: encontrar os trixistas na central. Opa, tá faltando alguma coisa...

Sobre o curso
- Agora estou numa turma de nível intermediário. Na minha sala sao 4 japoneses (engraçadíssimos, pelo menos dois deles), um coreano, um belga (queimadinho de sol que é uma loucura), um francês e um casal de brasileiros. Aliás esse casal...mamma mia, quanto pessimismo. Eu nao sei o que essa gente tacanha vem fazer na Europa. Juro. Tacanha no pior sentido possível, nao o financeiro, mas o pessoal mesmo. Me disseram que odiaram Barcelona, que domingo tava tudo fechado (também, a mulher queria um shopping...um shopping!!! Com tanta gente, praia, museu, enfim, a Babilônia toda para se ver ela queria um shopping! Eu nao mereço tanto...), que foram mal recebidos em um monte de lugar e que encontraram outros brasileiros que pensavam o mesmo. Graças a Deus eu nao passei nem perto de gente que compartilhe essa opiniao porque pra mim este é um dos melhores lugares onde já estive. Em toda parte fui super bem tratada. Deve ser a tal da energia positiva. É, acho que é isso mesmo.
- As aulas começam às 10h e vao até à uma da tarde. Depois pode-se ficar na internet o tempo que se quiser. Mas descobri que o melhor é tentar usar antes da aula. Entao estou chegando aqui por volta das 8:30h. Sou a primeira. Mas também pego o melhor micro e posso orkutar e bloggar a la vontè. Acho que por isso que essa ressaca nao passa. Vou dormir às 2h e acordo às 7h. Um milagre, mas acordo.

Sobre o celular
Já que estava gastando os tufos para ligar das cabines telefônicas ou locutórios e precisaria de algum contato para passar nos lugares onde for procurar trampo, ontem comprei um celular. Nao sei antes dar uma boa sondada em preços e perguntar à Thanny, a carioca que mora comigo, se ela sabia de uma loja bacana. Como cheguei em casa e ela nao estava, fui sozinha procurar e deu certo. Agora sou proprietária de um vodafone (lembrei do Ma na hora...ele me disse que esse era um dos melhores aqui e muita gente compartilha dessa opiniao) que me custou 20 euros. Acredita? E mais 17 da habilitaçao. Ao total, 37 euros, com direito a créditos de 12 euros e a falar de vodafone para vodafone por...(se você acha barato falar a 5 centavos o minuto...) 1 centímo. Isso mesmo, um centavo. Agora a melhor parte, porque eu nao ia resistir: o móvil do Eduardo também é vodafone. Engraçado como tudo se encaixa, nao?

Voltando...o jogo ontem deu Alemanha. Na verdade a gente já esperava, apesar da Turquia ser um grande azarao. Aproveitei algumas brechas nas conversar para tirar algumas dúvidas com o Eduardo. Primeiro perguntei se era chato eu ir na central todos os dias ao que ele me disse que nao, que era um prazer. Boa. Depois, no bar, tive vontade de passar a mao nos cabelos dele...E pronto, passei. Perguntei se pegava mal e ele me respondeu que nao. Claro que nao. Que eu podia fazer o que quisesse. Depois, quase indo embora, consegui perguntar se ele tinha namorada. Bem, aí ele disse que nao, que tinha saído de uma relaçao um tanto conturbada...tá, tá, entendi. O principal era saber se a vaga estava livre. E está.

Uma informaçao importante
Quando voltei da rua com o celular na mao a Thanny já havia chegado. Conversamos um monte. Gostei muito dela, de verdade. Tem apenas 17 anos mas uma cabeça incrível. Aproveitei, é claro, para perguntar sobre os hábitos e costumes dos ticos. Ela disse que aqui os caras nao se movem. Nunca, para nada. Que tudo é a mulher que tem que fazer. O que ele pode fazer (e vai fazer se estiver interessado) é repetir tudo que a fêmea faz. Se ela pega na mao, ele pega também. Se ela senta, ele senta também. A tal técnica do espelho que "O Corpo Fala" descreve tao bem (o livro é bem interessante, fica a sugestao). Era a informaçao que me faltava.

O jogo terminou, ele tinha que ir embora porque estava cansado e a coisa ficou assim: hoje ele está de folga e resolveu que vai trazer, de casa, as duas bikes (com a ajuda da mae) para eu escolher uma. Ficamos de nos falar. Ele logo pediu meu número para nos encontrarmos mais tarde. Ui, que friozinho na barriga que me dá!

Só que eu ainda tava naquele apetite de tomar mais uma. O Lúcio, o italiano que vai abrir um bar (aquele mesmo da primeira noite em Barcelona), me convidou para ir com ele e Daldo ao Can Can para tomar mais uma. O tal Can Can é um bar do irmao do Marcos (outro trixista, gente boníssima) que só toca música brasileira. A mim incumbiram de tomar um chupito, uma espécie de rum daqui, bacana até, que se vira de uma talagada só. E eu nao fiz feio, nao.

De lá, os ticos resolveram que iam me levar para casa e foram. Lucio na bike, Daldo e eu a pé. No caminho ainda me deram uma rosa vermelha, que lembrei de colocar na água assim que entrei em casa. Também perguntei a eles sobre os costumes dos homens e o Lucio foi certeiro. "Kele, aqui ou lá, gente é sempre gente." Tá dado o recado.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Esperando na janela

Aulas e a bicicleta dos meus sonhos

Nossa, três dias sem internet...que pesadelo! Sem ter onde acessar, nem como, mas agora finalmente tudo voltou ao normal. Antes de continuar, uma breve retrospectiva e alguns acertos necessários:

- A Itália perdeu, isso você já sabe. Foi uma partida e tanto! E dá-lhe Woll-Damm para comemorar. A pena maior é nao ver mais aqueles gatos do Luca Toni, do Rossi e outros tantos. Tirando o goleiro que aquele ali, meu pai, acho que a mae jogou fora o filho e criou a placenta no lugar.
- Pra quem se perdeu em algo, Eduardo e Bonete sao a mesma pessoa. Eduardo, nome; Bonete, sobrenome. E o resto é romance.
- Os negros continuam me acercando, mas agora bolei uma tática. Quando um vem e fala algo, faço uma cara de nojo e digo com sotaque meio russo que falo nao inglês e eles saem andando. Como tem gente tonta nesse mundo. Eu?? Russa?? Faz-me rir!

Agora estou morando na casa nova. É de uma brasileira e descobri (dois dias depois da minha chegada), que ela é solteira e na casa há mais duas estudantes brasileiras (uma mineira, que fala com a gente sem nos olhar nos olhos...e uma carioca, bem novinha e muito astral).

No dia da mudança, fui até o endereço novo e de lá liguei para a dona da casa. Nada. Tentei de novo. Nada. Para resumir a história toda (porque minha aula vai começar), fiquei quase 5 horas na porta da casa, de malas e cuias na mao. Foi o tempo necessário para um monte de senhoras passarem e perguntarem se eu precisava de algo, para onde eu ia, que a tal dona da casa devia ser uma cara de pau por nao estar me esperando. Confesso que ensaiei ficar puta, mas gente...verao, Espanha...Jurava que ela estava na praia, tomando uma e aproveitando o dia e que qualquer hora ia chegar. Enfim, qdo eu já tinha decidido ir a um hotel, tentei chamar mais uma vez e consegui. Descobri que havia uma chave me esperando numa caixa de correio. Peguei, entrei e senti um grande alívio por nao mais morar em malas, mas em um quarto xuxuzinho, num bairro muito bacana, pertíssimo do centro e com um guarda-roupas só pra mim (e uma mesinha para estudo, um criado-mudo e uma sapateira também). Em uma hora estava tudo arrumado. Finalmente, paz.

Ainda houveram outros jogos, mais cerveja, mais Eduardo e...bem, é só. Esse chove-e-nao-molha continua porque eu nao sei como funcionam as coisas aqui. Se é o cara que chega, se pode ser a mina. Pelo sim, pelo nao, vou devagarinho, só sondando.

Ontem falei da minha vontade de comprar uma bicicleta e entao, mais uma vez, ele disse que tem duas que nao usa há anos e que me empresta com maior prazer até eu ir embora. Só precisa de uma revisao. É mole? Amanha ele estará de folga e entao vamos ver tudo isso. Vou até a casa dele pra ver a bici e para ver minha casa nova daqui um mês. Sim, vou ficar lá. Com ele.

domingo, 22 de junho de 2008

Bye, bye, Centre Rambla!

Depois de seis dias e sete noites, finalmente me despeço desse albergue chamado Centre Rambla. Pesando tudo de bom e de ruim, ele nao vai deixar saudade, mas também nao o detesto. Afinal, se nao fosse por ele talvez nao tivesse encontrado Guillo por aqui. Que aliás...graças a Deus nao apareceu na Catedral e eu pude, finalmente, rever o Eduardo.

Nao sei se já disse, mas ele nao é bonito. Nao tem muita altura, nao tem corpo sarado, nao tem os dentes mas lindos do mundo (mas estao todos la, e limpos!)...Mas o que ele tem de melhor sao os olhinhos, que se semicerram quando conversamos...os cabelos meio queimados de sol e completamente desgrenhados (sao lisos, mas rebeldes)...a forma como ele me toca quando andamos juntos e ele, super cavalheiro, quer que eu vá primeiro.

Bom, depois de levantar cedo, procurei livros em português e nada. Nem na Fnac. Fiquei de cara! Mas Xavier já me mandou por e-mail o endereço de algumas livrarias que os tem. Depois vou lá comprar um. Andei mais um pouco, comprei um gelado e fui ligar para casa. Ok, agora eu tenho que confessar, eu estou morrendo de saudade do meu pai. Nao sei porque, desde o dia em que cheguei penso nele. E foi ele mesmo quem me atendeu, às 9h no Brasil. A voz mudou assim que eu disse "pai?". Ele já começou a sorrir com a voz, e eu também. Ah, meu velho...Disse que minha mae nem dormiu esta noite de tanta preocupaçao (fazia uma semana que eu nao dava notícia por conta do cartao que comprei que é um lixo...agora só skype em cyber cafe) e me passou para ela. Conversamos por uns 15 minutos e me senti ótima. É bom saber que estao bem e torcendo para que tudo dê certo comigo por aqui.

À noite (quer dizer, por volta das 20h), fui encontrar o Eduardo de novo e ele me convidou (de novo) para ver um jogo e tomar uma cerveja. Dessa vez nao ia deixar ele escapar. Pedi o endereço do lugar, para o caso de nao irmos juntos. Mas nem precisou. Quando cheguei à central dos trixis, quasi caí na risada. Ele nao viu que eu havia chegado e estava falando de mim para Jordi. Creio que era algo bom porque nem sem graça ele ficou.

Para completar mais uma noite de cerveja, vimos o jogo (a Rússia meteu 3 na Holanda, favorita. Estávamos torcendo pra Rússia, por ser meio que um azarao) e ele quis se despedir. Pedi para ele ficar um pouco mais. Sabia que ele estava cansada (nao é fácil empurrar aquele trixi o dia todo, sob o sol, com dois turistas atrás) mas mesmo assim pedi. E nao é que ele aceitou? Na verdade o convidaram a tomar mais uma no Can-Can para depois todos irem. Fomos e quando chegamos lá ele me saca uma paranga. Coisa fina! A maconha daqui é muito mais saborosa, nao tem amônia, é incrível. E o bom é que se fuma pouco e já dá um barato bom...

Antes mesmo de fumarmos já estávamos bem próximos. Imagina depois? Era um tal de pega na mao, no braço, na coxa...Tivemos direito até a caminhar um pouco de braços dados. Chegando ao bar tomamos mais uma cerveja cada um e nos fomos. Jordi ainda tentou me arrastar para outro, mas tínhamos que tomar metro e...bem, o Eduardo ia embora e eu nao queria ficar numa turma sem ele.

Ai, ai, que vida engraçada. Bom, hoje vai ter Espanha e Itália e eu nao vou perder por nada. Vou torcer (e muito!) para a Espanha. E acompanhada dele, é claro.

sábado, 21 de junho de 2008

Lua cheia

Uma praia repleta de gente, o sol às 6h e uma surpresa

Alguns dados interessantes relativos a todos os dias que já passei aqui:
- Bebi cerveja todos os dias, sem furar. Exceto ontem, mas isso é pra logo mais.
- Comi bocadillos todos os dias. O que me deixou de recordaçao alguns estragos nas gengivas porque as baguetes daqui sao muuuuito crocantes. É que é tao gostoso e barato que é como Elma Chops, "impossível comer um só".
- Estou tomando um monte de água. Meu primeiro compromisso, assim que saio do hostel, é comprar uma garrafa de dois litros, que vou tomando pelos caminhos de meu Deus.
- Tive de comprar um adaptador para carregar a bateria da máquina. Ainda bem que foi barato.
- Comprei uma bolsinha para colocar na cintura. As que tenho, de ombro, me deixam marcas quando saio ao sol (e ontem, mesmo tendo-o evitado ao máximo, ainda ganhei duas novas marcas, da blusa e da bolsa).
- Meu instestino está funcionando que é uma beleza! A diarréia passou e agora ele está agindo como se estivesse em casa. Vai ver que é porque eu creio que estou mesmo na minha.
- Perdi a chave do quarto e tive que morrer com mais 10 euros. Hmpf!

- Sempre vejo alguém aqui que me lembra um amigo. Ou um lugar. Passei na frente de umas lojas Vans e lembrei do Ma. Saudade de vc, gatinho.

Bueno...Ontem nao fiz nada. Nada mesmo. Resolvi que nao queria praia, nao queria sol, nao queria caminhada. Queria apenas uma sombra, água fresca e um livro. E assim foi. Passei quase 4 horas sentada em frente à Catedral, num banco à sombra, lendo compulsivamente o livro que ganhei da Mo de aniversário. Já o terminei, é lindo. Chama-se "A Menina que Roubava Livros". Pesado, mas emocionante. Nao resisti e fui às lágrimas quando cheguei ao final. Hoje vou até à Fnac daqui para comprar outro livro. Pensei no "Cem Anos de Solidao". Tô meio a fim de ler mais uma vez essa doidera maravilhosa do Garcia Marquez.

Tá bom, você deve estar se perguntando: "Na Catedral, lendo??? Tudo bem que você gosta de ler, mas nada me convence de que você estava lá à procura do Bonete". Sim e nao. Gostaria, sim, de vê-lo. Pensei até em pagar uma voltinha de trixi para ficar com ele só pra mim por um tempo. Talvez eu até faça isso hoje. Mas ontem, nao. Nao o vi, devia estar de folga. A verdade é que queria mesmo sossego. E consegui.

Já de banho tomado, pensei em voltar à Catedral porque...se nao havia Bonete, ainda tinha um encontro com o Guillo (lê-se guijo). Ao caminhar, pensei que nao o encontraria lá, afinal passamos a noite passada grudados e nao rolou nem um beijo. E ao chegar...bum! Ele já estava lá. Aí é aquela coisa né: se só tem tu, vai tu mesmo.

Resolvemos ir ao Parc de la Ciudadel, que fica muito próximo da Catedral e eu nao conhecia ainda. Ele logo topou.

Curiosidades:
Todos os dias vou à Catedral e nunca entrei. Na verdade, nem tinha pensando nisso. Quando este pensamento me ocorreu, perguntei a Guillo se ele já havia adentrado e ele me respondeu que sim. Creio que farei isso logo menos.
Tudo que proponho é logo aceito pelo argentino. Será que ele tem receio de me contrariar ou está tao ao Deus dará que já tá valendo tudo?

Acho que esta história de ir ao Parque foi uma das melhores até agora. Que lugar! Enorme, todo verde, cercado de construçoes antigas e muito bem preservadas. Cheia de gente, grupos enormes de todas as partes...A tarde caia (era por volta das 20:30h) e nós encontramos um grupo. Estavam jogando bola e Guillo quis mostrar um pouco das suas habilidades. Nao só aprovei como tirei várias fotos. Uma belezinha.

Logo eles pararam com a bola, pegaram o haxixe e começaram a conversar. E eu junto, óbvio. Até que um louco começou a nos cercar, falar em árabe, completamente bêbado e ensangüentado. Vinha para cima das pessoas e isso me deixou bem assustada. Uma hora veio com uma pedra. Que loucura! E atrás tinha um outro que pedia para que ninguém se incomodasse porque este esta apenas bêbado. E nessa ele levou um celular de uma gringa. Quis ir embora.

Um aparte sobre a turma nova
Neste grupo havia um angolano, um tcheco, um português e outro que nao sei de onde era. Quando páro para relembrar como sempre estou cercada de gente, me vejo meio que como uma fogueira, onde as pessoas querem ficar perto para se aquecer do frio. É poético e totalmente despretencioso, acredite. Adoro estar sempre rodeada. E felizmente sempre sao gente do bem.

Entao o louquinho se foi e nós também. Fomos comer algo (achamos um restaurante chinês bem acessível. Comi um tipo de frango xadrez e ele um talharine com frango...nada mal) e resolvemos que depois iriamos a Bogatell (por indicaçao do angolano, que disse sempre haver por lá gente e festa). Andamos pra caralhoooooo, juro. Mas chegamos e valeu muito a pena. A lua estava cheia, nao havia uma nuvem sequer no céu e eu encontrei uma turma imensa de gaúchos. Já sabe o que aconteceu, né? Ou pelo menos faz uma vaga idéia? Entao vou ajudar. Cheguei perto, perguntei de onde eram e a coisa fluiu. Um tocava violao e me convidou a cantar algumas cançoes de Seu Jorge. O resto é isso mesmo, música e mais vinho.

Outro detalhe importante
Para regar o jantar, pedimos uma garrafa de vinho branco. Queríamos continuar no vinho e, no caminho para praia, encontramos uns gringos bem louros que ofeceram vinho tinto para nós. Claro, entre o encontro e o vinho houve aquela coisa toda de "Oh, Brazil..." que todo mundo tá careca de saber. Eram da Finlândia. Um pouco antes de finalmente chegar às areias, conseguimos comprar uma outra garrafa de tinto. Por 14 euros, àquela altura, a gente com a boca sedenta, valia o preço. E nem preciso dizer que valeu a pena.

Entao já passava das 4 e toda gente começou a ir embora...Devagar, as velas que circundavam nosso grupo (a festa era organizada mesmo!) foram sendo apagadas, as cangas sacudidas e os abraços distribuídos. Quando percebi...só nós. E a lua que brilhava no mar. Coisa mais linda de se ver.

Durante à noite, várias vezes pensei em beijar Guillo. Mas nao sei porquê nao o fiz. Acho que ele também deve ser adepto do que "se Maomé nao vai à montanha..." porque parece ter lido meus pensamentos. Como assim??? Só nós na praia??? Ainda descolamos uma canga que alguém esqueceu! Pimba. Quase que literalmente. Os pouquíssimos passantes certamente viram minhas petas e ele sem as calças. E daí?

Nao, infelizmente nao transamos porque...enfim, sem camisinha, nada feito. Mas a pegaçao foi das melhores!!! Ele quis descansar um pouco e eu fiquei acordada. Estava sem sono. Às 6h o acordei. O sol já estava subindo e tínhamos que voltar. Ele ainda quis comer entao passamos no McDonald´s (me recuso terminantemente de comer algo que nao seja daqui. Mc entao...jamais!). Eu preferi comer um Doritos do posto ao lado. Aí, de pança quase cheia ele veio. Certeiro como uma seta. O cansaço tirou até a minha força pra falar. Que dirá andar e estávamos a bem uns 4 ou 5 km de nossos respectivos hostels. Nao deu outra: táxi.

Às 7h, finalmente, cheguei à minha cama. As suíças nem se mexeram. Acordei às 11 e meia com uma bela surpresa: a moça da recepçao dizendo que eu tinha que ir embora. Perguntei "como assim?" porque, pelo que pensava, tinha pago até amanha. Mas nao. Entao lá fui eu até a recepçao, de cara amassada, bafo e tudo, pra pagar mais uma diária. Saco. Mas tudo bem. Voltei e...já que estava de pé, resolvi começar tudo mais cedo. Inclusive a escrever.

Os planos
Ao nos despedirmos, Guillo perguntou quando nos veríamos ou algo assim. Nem quis marcar nada, achei que ia dormir até umas 4 da tarde. Entao marcamos na Catedral, de novo, às 19h ou 20h. Das duas, uma. Ou eu o encontro e vamos terminar o que começamos ontem ou...ainda posso ver o Bonete. Ah, o Bonete...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Praia, cerveja e haxixe

O dia ontem foi bem diferente. Nao tive vontade de dar grandes rolês e nem de ir a alguma obra monumental na cidade. O sol brilhava quando acordei, às 9h e havia um argentino esperando que eu o acordasse. Depois da cena da noite passada, quando ele voltou ao quarto, ouvi as meninas conversando sem parar e a única palavra que eu entendia (e se repetia continuamente) era "condón". Coitadas...

Ele (vamos dar nome aos bois, ok?), Guillermo, nao podia mais ficar neste albergue porque nao havia mais vaga e tudo ja estava reservado. Fomos entao fazer sua mudança, para uma rua bem próxima daqui de onde estou. Deixando as coisas lá, fomos tomar café em Port Vell (Porto Velho). Um pequeno negócio com mesas e cadeiras na calçada (aqui as há em toda parte...mas também, com esse tempo e essas vistas magníficas, comer no lado de dentro de qualquer estabelecimento é tudo que nao se quer). Resolvemos ficar. Café com leite, bocadillo e água. Em pouco tempo resolvemos pelo óbvio: o dia pedia uma praia.

Fomos para Barceloneta, que é a mais próxima. É uma praia artificial e Vasco (o portuga do trixi) disse que nao era boa para o banho. Mesmo assim quis tentar a sorte. Sabe que deu certo? Passamos umas 3 horas fritando no sol, só que dessa vez a cabeçuda levou e passou protetor quase em todo o corpo. Conversamos pouco, quase nada. Eu estava ainda apreciando as novas visoes na praia

Visoes novas:
- Topless aqui é bem corriqueiro. Por onde quer que se olhe na praia há tetas. De todas as formas, tamanhos, texturas...Até as vovós parecem ser contra a cobiçada (no Brasil) marquinha de biquini.
- A cada trinta segundos um indiano, ou marroquino ou chinês interrompe seus pensamentos ou diálogo. Na seguinte ordem "cerveza, aigua, coca-col, beer, water"; "pareos, pareos"; "massage, madam?". Cada nacionalidade dominou uma parte deste mercado da praia. E as gringas adoram. Quase todas aceitam as massagens oferecidas pelas chinesas.
- Mesmo feita de areia artificial a praia é bonita. Nao sei se pelo lindo sol que fazia ou se pela facilidade de acesso desta praia, a idéia que tive era de que estava todo mundo lá. Cada pedaço de areia disputado como água no deserto. Para passar entre os turistas era até meio complicado.
- Encontrei duas brasileiras tomando sol ao meu lado. Mas nao falei com elas. Uma era carioca, entendeu?

Bem, depois da praia, Guillermo quis descansar e eu voltei para o albergue para postar no blog, ler um pouco e tomar um banho. Combinamos de nos reencontrar na Catedral às 20h para vermos o jogo (Alemanha x Portugal...quis me encontrar com ele na Catedral para ver se encontrava os trixis...na verdade para ver o Eduardo, mas ele estava de folga). Achei um pouco atrasada e fomos procurar um bar. Tudo lotado. Mas encontramos um pub bem bacaninha e ficamos pelo primeiro tempo. Fazia muito calor e resolvemos procurar outro no intervalo.

Detalhe importante
O argentino e eu nao nos tocamos durante o dia todo. Nao sei ele, mas eu nao senti mais a mesma energia do dia anterior. Achei até engraçado porque depois da praia acreditava que ele nao ia querer mais andar comigo, ou ao menos ia inventar uma boa desculpa. Quando me convidou para ver o jogo achei até estranho. Mas aceitei também, afinal ver o jogo é acompanhada era bem melhor que sozinha. E fumamos mais haxixe, claro.

Encontramos outro e ficamos...Foi uma pena Portugal perder, estávamos ambos torcendo pelos lusitanos. Mas o Cristiano Ronaldo só queria dar volteios e perdia os melhores lances. Enfim, desolados, fomos beber a derrota numa praça. Logo se juntou mais gente, violeiros e a coisa ficou mais interessante. Desembestei a falar com ele, rimos, fumamos e eu cansei. Quase 20 horas no ar, com praia, sem comer direito, pedi arrego. Nos despedimos e combinamos de nos encontrar, novamente, na Catedral para outro jogo. Mas este acho que ele vai ter de ver sozinho.

Correçoes e novos consumos
- Bocadillo é um sanduíche feito na baguete. Sao comuns porque sao baratos. E muito substanciosos.
- Queria muuuito dizer ao Pietro que tô me entuchando de prosciutto, que aqui eles chamam de jamón país ou jamón serrano. Tudo aqui tem jamón. Tem um com queijo brie do boteco aqui do lado que é dos Deuses!
- Eu nao tô num bairro chamado Cavalo, como disse anteriormente. O bairro se chama Raval. O problema foi da pronúncia quando Vasco estava me situando na cidade.
- Hoje comprei um adaptador para carregar a bateria da máquina. Foi baratinho, pelo menos.
- Ontem comprei um pareo (canga) na praia. Claro que a burralda tem uma na mala. E claro que ela nem lembrou de levar.

Agora, dêem-me licença que eu preciso desayonar (tomar café-da-manha). O do albergue eu já desisti. Muito cedo, nao tenho fomo essa hora. E aqui é comum se fazer as refeiçoes bem tarde, comparado com os horários do Brasil. Aqui sao 2 da tarde e eu estou em jejum.

Última informaçao
Com apenas 3 horas de praia já estou com uma cor incrível. Agora sim, podem se rasgar de inveja.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Brasil 1 x 1 Argentina

E como encontrei a casa dos meus sonhos

Uma breve explicaçao de como é este hostel:
- Os meninos andam sempre em grupos, numerosos! Com as meninas juntos, que fique claro. E todos, sem exceçao, sao bagunceiros. Apesar de haver regras neste albergue, elas sao sempre severamente desrespeitadas...menos a regra da hora do café-da-manha (que é insana...das 8:45h até às 10h...Imagine que nesta cidade faz sol até às 22h...imagine que a noite demora para chegar e, provavelmente, demora para acabar...agora imagine como é fácil levantar este horário).
- Na manha passada acordei com um barulho tremendo vindo do corredor. Pelo que entendi dois árabes brigavam com um grupo de alemaes (todos bem novos, sempre). Fiquei até com medo que saíssem no braço, ou algo assim, mas logo uma voz mais velha, feminina, colocou tudo no lugar. Menos mal.
- Agora divido quarto com 5 suiças que falam todo, TODO O TEMPO. Dormem falando. Acordam falando. Nunca, jamais, em momento algum, elas param. E abrem a porta toda hora, batem, acendem a luz na minha cara... Mas sao lindas, devo dizer. Cada corpinho e cada rosto que voces precisavam ver. Ontem uma perguntou em inglês para mim de onde eu era. Tentamos conversar um pouco mas...meu inglês...deixa ele de novo pra lá.

Devidamente acordada (por conta da briga), tomei banho e corri para pegar o café. Até que é bom. Café, leite, chocolate, croissant, cereais, leite, manteiga, geléia e três tipos de suco. Fiquei nos cereias e no suco para melhorar da ressaca.

Isto feito, fui dar um rolê. Queria ir a Monjüic, a colina dos judeus. E fui. Ao todo foram 5 horas andando (entre ida e volta). Parei em alguns pontos, tirei fotos. Algumas (as melhores até agora), tirei do páteo do Museu de Arte Natural da Catalunha que...mais uma vez vou ser redundante com as coisas daqui, é magnífico. De lá se tem uma vista de quase 360ºC de Barcelona. O sol estava quente. E eu estava sem protetor.

Nao sei de onde tirei forças para voltar. Estava cansada, me sentindo um pouco queimada e morrendo de fome. Resolvi que pela bela caminhada eu merecia algo especial. Una paella. Pedi e comi como uma rainha em dia de festa. Num restaurante aqui perto. Foi maravilhoso. Acompanhando tudo, uma cervja.

Voltei ao albergue, tomei um banho e senti o tamanho do estrago da brincadeirinha de andar ao sol: estava com os ombros negros. De verdade. O nariz é outra coisa que nem é bom comentar. Mas fiquei feliz com tudo que vi. Valeu a pena.

Fiquei um tempo lendo e depois fui atrás dos meus amigos dos trixis, na Catedral. Encontrei Eduardo (o Bonete...ah, Bonete...). Perguntei se eles iriam ver a partida em algum bar, ao que me disse sim e já me convidou para ir junto. Sei que você nao precisa desse detalhe, mas terei prazer em dizer o óbvio: eu aceite. Começamos a falar da minha viagem. Eu fazia perguntas, ele outras e entao quis saber para onde eu vou depois da casa de familia. Falei que tenho que procurar um canto e coisa e tal. Do nada ele me vira e diz: (traducao, ok?) "Meus pais estao saindo de viagem lá pelo dia 15 de julho. Depois que voltei da Australia, há duas semanas, voltei a morar com eles porque ainda nao tive tempo de procurar um canto pra ficar sozinho. Se voce quiser ficar lá um mês, até eles voltarem, pode ficar tranqüila e nao precisa pagar nada". Eu quase fiquei sem palavras. Mentira! A verdade é que eu quase caí no colo dele pra beij-lo, abraçá-lo, agradecê-lo, de tanta felicidade. Será que eu tenho mesmo toda essa sorte? Ser convidada pelo Bonete (o Bonete!), para ficar na casa dos pais dele, COM ELE, e de graça? Claro que de graça nessa vida nao há nada, mas se for pra cobrar em sexo ainda garanto uma boa propina.

Logo ele teve que sair para levar uns gringos por um passeio e eu voltei para o albergue. Quando retornei à Catedral já passava das 20h e...ele já tinha ido embora. Perdi a noçao do tempo. Perdi a chance de ver a partida. Com ele.

Cabisbaixa, só me restava voltar para o albergue, pegar uma cerveja no boteco da esquina e sentar no refeitório para ver o jogo com aquela molecada barulhenta. Foi o que fiz. Assim que sentei, um rapaz que estava à minha frente se sentou ao meu lado e começou a puxar assunto. De princípio nem dei muita bola. Foi quando ele disse que me viu dançando na Catedral.

Rápido flashback

Entre uma conversa e outra com meus amigos do trixi, eles invariavelmente tinham que sair e a conversa sempre estava por ser terminada. Numa dessas, sentei-me para descansar. Logo me cola um velhinho, muito engraçadinho, e começa a perguntar se eu nao queria dançar. Havia um grupo tocando salsas e merengues e eu pensei: porque nao? E fomos lá fomos nós, dançar salsa na frente da Igreja. Divertido. Até el vejito começar a perguntar se eu queria ir com ele para Granada, que tem uma casa lá...Sorridente, disse que nao, obrigada, e que agora gostaria de ir embora. E fui.

Voltando do flashback

Achei graça de ele ter lembrado da minha dança e entao percebi: meu Deus, ele era um gato! E novo, claro. Bom, pra resumir: ele é argentino, tem 21 anos, está de férias na Europa há 4 meses e me convidou para tomar outras cervejas fora do albergue porque aqui dentro sempre faz muito calor. Fomos e nao só tomamos cerveja como fumamos haxixe (que eles misturam no tabaco e fica uma delícia) ali mesmo, na frente do boteco. Aqui a coisa é bem sussa com relaçao a isso.

Bem, bem, bem...e ainda tinha o jogo do Brasil que ia começar as 3 da manha. Nao podíamos ver no albergue porque desligariam as tevês, mas aí surgiu um mexicano com um super computador e wirelles e entao combinamos de ver juntos, com um outro argentino que apareceu do nada. Enquanto o jogo nao começava...cerveja! Fomos caminhando e parando em vários lugares pra beber. Mas antes...

Tá, tá...eu nao resisti. Também, nem tinha como. O céu estava claro, a noite linda, eu bem louquinha e com ele ali, pegando na minha mao. Sim, ele me beijou. E que beijo! Ficamos grudados por muito tempo. Aqui é muito comum ver casais apaixonados se beijando nas ruas, nas portas das casas. É bem bonito. Entao ficamos nos beijando muito tempo e voltamos para o albergue. Aqui até tentamos ver o jogo mas...meu quarto estava vazio e havia uma vontade entre nós dois que podia ser sanada. A próxima cena marcante quem viu foram as suíças. Elas abriram a porta muito rápido e nao deu tempo de cobrir nem a minha bunda nem o membro dele. Imaginou a cena? Agora junte a isso o fato mais engraçado: elas deram meia volta e ficaram esperando ele sair, até apagaram a luz quando fecharam a porta e voltaram. Rachamos de rir, terminamos nosso ato e ele se foi.

Quando abri a página da UOL, li: "Brasil empata com Argentina em jogo chato". Aqui nosso jogo tinha dado 1 x1.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Dá-lhe pernas!

Novamente eu CONSEGUI perder o café-da-manha. Infernoooo! E acordei cedo, até. Mas achei que ele ia até às 11h e era só até às 10h...Lá fui eu tomar cafe con leche y comier una media-luna no boteco aqui do lado (já percebi que esse boteco vai ser uma espécie de sucursal do hostel enquanto eu estiver por estas bandas).

Com o roteiro do que fazer depois de el desayunio, já sabia exatamente o que iria fazer. Peguei meu guia de Barcelona, comprado aí em Sao Paulo, e...pernas pra que te quero! Foi mais de 2 horas andando, sem parar. Mas também sem cansar.

Quando cheguei...meu Deus do céu. Juro que me arrepiei toda (se tivesse pêlo no fiofó até eles teriam se ouriçado com o que meus olhinhos lindos viram). Um monumento e um desafio a qualquer ser humano que pense mais ou menos como "normal". Cheguei até a Sagrada Família, de Gaudì.

Caralho! Era só o que eu conseguia pensar. Caralhoooo!!! Meu, o negócio é absurdo, ignorante! Foram mais de 100 anos em construçao e nao tem hora para terminar. Lindo demais. Só nao entrei porque nao queria gastar. Mas tirei várias fotos do lado de fora mesmo, que é magnífico.

Agora de volta, quero deixar algumas impressoes sobre o que ando vendo por aqui:
- Os espanhóis, a maioria que vi, sao lindos. Lindos mesmo. Puta merda, quanto homem bonito.
- As espanholas também sao lindas. Mas eu ainda prefiro a ala masculina.
- Os garçons e garçonetes, na maioria das vezes, nao sao nada simpáticos com os clientes. Principalmente se nao hablan español.
- A moda aqui é quase a mesma do Brasil. Tem muita loja igual. Havaianas entao...nem se fala.
- Dread e piercing no lábio inferior é doce. Quase todo mundo tem. Tô achando bem bonito, sabe?
- Quando fazemos amizade, eles querem sempre pagar a primeira rodada. Isso também é bem legal.
- Conheci mais um cara dos trixis, o Bonete. Ah...Bonete, Bonete.
- Andando pelos bairros, percebo que este e o Gótico sao os mais legais. o Eixemple, dos ricos e onde estao as outras obras de Gaudì é muito modernoso. Cansa um pouco, sabe?

E vamos que vamos que tem gente querendo usar essa joça.
Até mais.

Segundo dia

e o fim da noite do primeiro...

Desisti de querer fazer tudo bonitinho. Eu bem que tentei, mas aqui é complicado. Esse teclado nao tem "tio", entao todas as palavras que levam este acento vao ficar desfalcadas. Perdoem-me.

Bem...quando finalmente organizei todas as minhas coisas, resolvi descansar um pouco na minha cama (no quarto que me foi designado, tive de ficar na beliche de cima, que odeio por conta da luz na cara toda vez que alguém precisa entrar ou sair). Acordei quase 10 da noite aqui e disse pra mim mesma que merecia uma cerveja. Sai para fumar um cigarro e andei calmamente para o boteco que fica na esquina. Perguntei se poderiam me servir uma cereja (tomei uma tal de Coronita com limón que estava ótima, bem geladinha). Pedi também um bocadillo. Nem sabia o que era mas precisava comer, desde o aviao que nao punha nada na boca. Sentei-me em uma das diversas mesinhas que se encontravam à frente do bar, num lugar aberto ao ar livre. Muito simpático e convidativo para mim.

Nao demorou muito e me cola um negao de quase dois metros de altura, todo bem vestido falando em ingles. A princípio fiquei com receio de conversar (lembrava toda hora do único conselho que me foi dado por papai já no aeroporto: "ó...nao vai confiar em qualquer pessoa, hein?"). Eu prometi que sim e queria cumprir para meu próprio bem. Mas ele nao me pareceu má pessoa, estava perdido, perguntando onde ficava uma rua e tal. Tentei dizer que nao morava por aqui e que ele devia perguntar para outra pessoa. Ao final de uns 10 minutos de conversa truncada, em inglês e espanhol, ele pediu para se sentar e eu deixei. Depois ofereceu uma cerveja (meus olhos brilharam, claro, mas o conselho de papai também soava em minha cabeça). Eu aceitei e pensei que se a garrafa viesse aberta eu nao tomaria (vai que tinha um "Boa noite, Cinderela" lá dentro, né?). Enquanto isso, colaram na pracinha um violeiro e alguns rapazes. De repente, no meio da conversa, ouço algo como "canta uma música do Brasil". Aquilo foi como um chamado para mim, que em menos de um minuto peguei uma cadeira e sentei-me junto deles. Fui recebida com sorrisos e acenos para que chegasse mais perto. Quando me perguntaram de onde eu era e ouviram que era do Brasil..."Ah...Brasil, que lindo!". E começamos a conversar melhor...

Na roda estavam um português (Vasco, um gato!), um belga (Gabriel, que ontem descobri que se chama Steven, mas prefere ser chamado de Gabriel), dois italianos (Lúcio, ou Lucito, e Nicola), dois catalaos (Javier, ou Chaví, e Joselito) e mais um velhote que nao me recordo o nome. E nem de onde era.

Ficaram cantando, o negao voltou (disse que era londrino, mas a mae negeriana, por isso era daquela cor) com a cerva (fechada!) e eles logo se puseram a fumar marijuana. Nem quis me aventurar, nem sabia de onde vinha aquela parada, nem quem era aquela gente (apesar de já ter simpatizado com eles de cara).

O bar tinha que fechar e eles ainda estavam na pegada de tomar mais uma. Convidaram-me a tomar mais uma "por conta da casa". Lucito estava se despedindo da turma porque ia abrir um bar em 15 dias. Detalhe importante: todos trabalham juntos num negócio de trixis aqui. Sao bicicletas que se aluga por algum tempo onde uma pessoa (no caso, um deles) pode levar ate dois turistas para qualquer parte. É um troço muito legal, depois baixo as fotos.

Aceitei o convite, claro. Ainda mais que era por conta da casa e fomos andando do Cavalo (bairro onde estou) até o Bairro Gótico. Foi impressionante a mudança porquê passamos ao sair de um bairro a outro. Parecia outro país, juro! Acabamos entrando num barzinho estilo pub e tomamos algumas cervejas e fumamos. Eu tabaco e eles, marijuana.

Por volta das 2 e meia todos resolveram que era hora de partir e eu perguntei como voltava para casa. Vasco e Chaví fizeram questao de me acompanhar. Afinal, era minha primeira noite e, apesar de na visao deles nao haver perigo, nao queriam que eu me arriscasse. Deixaram-me na porta do hostel e ainda me convidaram a dar uma volta de trixi. Por conta da casa!!!

Bem, e assim terminou minha primeira noite em Barcelona. Quase borracha de nuevo, com vontade de ter beijado alguns guapos daquela roda, mas nada aconteceu, e achando que eu ainda ia me dar muito bem nessa cidade...

domingo, 15 de junho de 2008

Primeiro dia

Da chegada, da humilhação em Paris e outras impressões

Emfim, cheguei! Depois de 12 horas de vôo, cá estou eu, devidamente instalada em um hostel no centro de Barcelona, bem ao lado de La Rambla (a avenida principal e mais movimentada da cidade) e do Park Güell, uma das muitas belíssimas obras de Antoni Gaudí. Mas antes de entrar em tanto detalhe, vamos falar da viagem.

O vôo saiu de São Paulo por volta das 17h, quase sem atraso. Ao chegar na minha poltrona, descobri que teria como colegas de corredor dois brasileiros gente finísima, então eu já fui logo me apresentando e ficamos amigos, claro. Eles eram de Guarulhos e iam passar 24 dias de férias pela Europa. E assim, entre os assentos apertados da classe econômica, conversamos e comemos, até cada um entrar no seu próprio ritmo e tentar cochilar pelo resto da viagem.

Chegamos em Paris às 8:35h, exatamente. Após a aterrisagem perfeita, despedi-me de meus amiguinhos e fui procurar o portão da minha conexão. Andei, andei, peguei várias filas, até que cheguei na Alfândega e tudo mudou de figura.

Algumas considerações sobre o aeroporto de Paris:
- O lugar é gigantesco, novinho em folha, quase dava para sentir cheiro de tinta fresca. Tinta lilás que cobria a maioria das paredes de lá.
- As portas pareciam cinematográficas. Tudo bem, portas que se abrem não são necessariamente uma novidade, mas abrirem para dentro é que me deixou de cara!
- Todos os funcionários falavam a língua natal, inglês e espanhol fluentemente. Adorei, porque nas duas primeiras eu sou uma negação, mas já na terceira eu arranho (e bem até.)
- Há muitos indianos trabalhando por lá, fiquei espantada.

- Como o aeroporto é imenso, esteiras rolantes ajudam os transeuntes a chegar mais depressa a seus portoes. Adorei!!!

Chegando na alfândega, começou, para mim, um pequeno matírio. Ao ver que meu passaporte não possuia nenhum visto, pediu (primeiro em francês, depois em espanhol) para que eu dissesse qual a minha finalidade em Barcelona. Depois perguntou quantos dias pretendia ficar na cidade e se tinha onde me hospedar. Eu respondi a tudo e ele pediu o vaucher da reserva no hostel. Tudo em mãos. Senti um pequeno frio na barriga com as perguntas, nada demais. Foi fácil. Aí, fui passar pelo detector de metais…e ele apitou.

Uma policial falou em francês um monte de groselha até que eu dissesse que só falava espanhol. Aí foi que entendi que ela queria me revistar. Deixei, claro. Ela mesma trouxe minha bolsa e pediu para eu abrir. Quando viu uma garrafa de água, pediu para que eu a bebesse…como se achasse que era alguma droga, veneno ou sei lá o quê. Ficou me olhando de cima a baixo enquanto eu, tentando aparentar tranquilidade, tomei tudo.

Depois pediu para eu tirar os sapatos e os passou novamente pelo detector de metais…Tive de ficar descalça um bom tempo, enquanto ela revistava tudo o que podia. Um senhor negro revistou o restante das minhas coisas e pediu meu passaporte enquanto a policial (detalhe interesante: ambos eram negros como a noite!) me fazia toda sorte de perguntas. O que eu iria fazer em Barcelona? Quando eu disse que iria estudar ela desconfiou, disse que eu já falava muito bem. Foi aí que eu, com meu inconfundível jogo de cintura, disse que era jornalista e que buscava fluência em outro idioma para minha profissão. Da tensão inicial passamos a uma conversa quase amigável. E durante isso tudo eu ali, de pé, com a bolsa escangalhada e sem sapatos! Quando ela percebeu, me devolveu o par e desejou-me boa viagem. Ufa! Passei! Agora faltava mais uma barreira: Barcelona.

Peguei o vôo e já nem ligava mais para as pequenas turbulências. Só me liguei que estava no alto quando um comissário de bordo mega-super-hiper gato tirou minha atenção do livro que eu estava lendo para perguntar se eu queria comer. Imagina! Tacaram tanta comida na gente naquele vôo do Brasil até ali que se eu comesse mais ou explodia, ou o avião caía de tanto peso.

Quando finalmente aterrissei em Barcelona senti uma alegria diferente de tudo que já vivi. Fiquei embasbacada com o letreiro do aeroporto, como se não acreditasse que havia travessado o Atlêntico e estava ali, na Espanha. Era o fim de uma saga de mais de 12 horas e o começo de outra. A alfândega me esperava e suas intermináveis perguntas. Peguei minhas malas. Coração na mão, dor de barriga, tudo…Passei por uma porta, por outra e quando vi já estava do lado de fora do aeroporto, procurando um táxi. E assim, sem mais, entrei na cidade que escolhi para novo lar. Foi mais fácil do que imaginei…

Algumas considerações sobre o aeroporto de Barcelona
- Ele é todo preto. Vidros filmados, mas é lindo.
- Nunca ouvi tantos idiomas e caras diferentes juntas. Achei fantástico.

- Por dentro ele lembra o aeroporto de Guarulhos.

Peguei um táxi que me trouxe até o hostel que vai me abrigar por uma semana. Aqui chegando, quando perguntei pela minha reserva, vi que comi bola: fiz reserva a partir do dia 14, e não do dia 15 (minha chegada de fato). A atendente disse que como eu não havia ligado, tinha cancelado minha reserva. Pedi desculpas e ela conseguiu uma vaga para mim. Mesmo com uma mala com quase 34 kg, o rapaz da recepção não quis nem saber de me ajudar. Hospitalidade zero. Me disse onde ficava o elevador e eu que me virasse. De cara me passou algumas informações importantes, do tipo “se vira”. Então eu fui me virar.

Deixei as coisas no quarto (compartilhado com mais 5 gurias que das quais só vi 4 até agora) e fui andar pela cidade. As primeiras impressões sobre o povo são engraçadas. É tanta gente misturada…Estou numa área repleta de indianos. Gentes e restaurantes, claro. Quando fui comprar um isqueiro, adivinha? O indiano da loja, um jovem, já quis logo saber de onde eu era e o papo rolou solto. Inclusive até me convidou para ir a uma balada hoje, com uns amigos. Deu-me o telefone e tudo, mas acho que vou declinar. Não pretendo gastar dinheiro tão cedo com supérfluos…

Da loja de conveniência para La Rambla (com os devidos conselhos de cuidado com a bolsa) foi um pulo. Apinhada de gente, a avenida é um centro onde tudo acontece. Muitos caricaturistas, pintores, mágicos, dançarinos…e turistas. Todos eles. Todos mesmo. Andei mais um pouco até Port Vell, para ver os barcos e o mar. Tirei algumas fotos (inclusive do mágico, que era um gato!) e levei algumas cantadas. Um homem teve a cara de pau de parar do meu lado, tentar falar comigo em espanhol para no final, ao ver a minha recusa em falar (achei o tipo um tanto estranho) dizer que eu era “mucho guapa”. Sabe que gostei.

Voltei para o albergue e dormi algumas horas. Com o relógio biológico todo zuado, acordei às 21:20h, tomei um banho e desci para mandar notícias. Ainda não sei o que farei esta noite. O albergue está lotado de gringos, quem sabe eu…enfim, a seguir, cenas.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

1 dia

Começa a ser estranho olhar para minha cama (toda molhada pois fui fazer a unha e derramei um monte de água em cima) e pensar que esta será minha última noite nela. Última noite nesta casa, com pais, irmão. Recusei duas baladas. Hoje não quero sair. Quero ficar aqui, quietinha, curtindo meus velhos e meu irmão tão querido. Andei o dia todo e, por incrível que pareça, resolvi todas as pendências. Amanhã, à esta hora, estarei sobre o Atlântico e...se tudo der certo, com a cara cheia de vinho ou qualquer bebida alcóolica que estiver à mão. Menos whisky, porque não curto mesmo. Já havia recebido o carinho dos amigos na festa de despedida. Hoje muitos ainda me ligaram e o Mau, meu ex-namorado. Hoje somos amigos e receber um telefonema dele é sempre uma coisa boa. Desejou-me boa viagem, que vai torcer por mim, mas não sabia se desejava que eu voltasse em três meses ou que me estabelecesse e não voltasse tão cedo. Não sei se estava viajando, mas achei que senti sua voz um tanto embargada. Mas a minha também estava. Senti vontade de dizer que ainda o amo, mas de uma forma diferente. Quando cheguei em casa ele estava no MSN e pude dizer o que ainda estava intalado. Ele vai comigo, claro, já faz parte de mim. Assim como muita coisa que aconteceu comigo nesses 27 anos. Ainda tenho de escrever algumas cartas especiais. Uma será para minha mãe, outra para meu irmão e uma para meu pai. Estou um tanto ansiosa, um tanto receosa e um tanto esfomeada. Mal tive tempo de comer e é o que farei agora. Da próxima vez que postar neste blog já vou estar em terras catalãs...Até lá.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

2 dias

Ufa! Consegui terminar as compras todas ontem. Andei tanto de ônibus e metrô que não vou sentir falta deles tão cedo quando estiver fora...Mas valeu a pena. A noite foi reservada para minha festinha de despedida. Enviei e-mail para todos aqueles que de uma forma ou de outra fazem parte da minha breve história de vida. Quando cheguei já havia duas amigas me esperando. Fiquei super feliz, claro! Cheguei com uma amiga nova do trabalho e logo outra se juntou à turma. Pouco depois a Jana, amiga de longa data da facul e de trampos, também bateu seu cartão de presença. E nossa roda começou assim: Mariana, Patrícia, Mag, Mo, Jana e eu. Aos poucos foram chegando mais pessoas para minha alegria. Cada rosto novo que pintava era como se meu coração desse pulinhos de felicidade. E cada abraço de despedida também era sentido da mesma forma, só que os pulinhos já eram um tanto saudosos. A Mari foi a primeira a partir, depois a Mo...Mas logo chegaram o Vitinho, a Kaká, a Thais, a Si e finalmente o restante da máfia: Ma, Vitor, Pivoto, Rachel, Mauricio, Fabio e, para minha enorme surpresa, meu irmão. Fiquei tão contente com a presença dele que dei uma de irmã coruja e apresentei, pessoalmente, ele a todos os meus queridos amigos. A princípio, eu havia pedido mesa fora, porque nossa turma toda fuma (ou quase toda), mas como não tinha acabamos indo parar no Brahminha (parte de cima do Bar Brahma) sambando até às 2h. E melhor: sem pagar couvert artístico!!! Melhor impossível. Foi tudo perfeito. Todas as pessoas que eu quero bem apareceram, beberam comigo, tiraram foto, riram. Nos divertimos a valer. Cheguei em casa às 8:45h com mais um monte de coisas para resolver. Mas, quer saber? Era minha noite, minha festa e eu merecia mesmo chutar o balde e descansar até não poder mais. A todos vocês que fizeram parte desta festa, meu eterno carinho e meu muito obrigada. Levarei todos vocês do lado esquerdo, podem apostar.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

5 dias

Coloquei o celular para me despertar às 10h mas...quem disse que consegui levantar? Estava só o bagaço. Acho que era cansaço acumulado, uma vez que nem trabalhei tanto assim no domingo. Que aliás, foi meu último dia no café e foi fechado com chave de ouro. Atendi no terraço com Lucas (igualzinho ao sábado) e foi super tranqüilo. Recebi muitos beijos, abraços e desejos de uma ótima viagem. Adorei cada pessoa que conheci naquele lugar. Claro que há exceções, mas felizmente são pouquíssimas. Ao sair da cama já fui logo liberar espaço no armário dos meus pais. Havia "alugado" uma parte para livros da facul, fichários e agendas antigas. Foi tudo pro lixo. Tive apenas o cuidado de tirar as fotos e guardá-las. Encontrei também alguns jornais que guardei onde tinha uma coluna sobre sexo, lá pelos idos de 2002...É, faz tempo. Isto feito, corri pro quarto para liberar espaço para meu irmão. Separei todos os meus livros de literatura e os deixei sobre a cama. A Mo vem pra cá daqui a pouco e vai ter a honra que escolher os que bem entender. O restante vou ver se faço alguma grana num sebo. Ainda me é doloroso separar-me deles, mas antes irem para uma livraria que cairem no ostracismo total, uma vez que aqui em casa ninguém liga para leitura. Agora vou fazer um break porque depois desta arrumação toda e mais duas horas e meia na tábua passando roupa, eu mereço um descanso.

domingo, 8 de junho de 2008

6 dias

Tirei o sábado para fazer um programa que estava devendo a mim mesma há tempos: visitar a feira da Benedito Calixto. Levantei razoavelmente cedo e fui. Chegando lá, dei uma boa olhada nas barraquinhas à procura de coisas específicas: calças e blusas. Uma hora depois, chegou a Sofia, nova amiga de trabalho. Pouco depois chegou a Bu. Comprei coisas bárbaras, mas quase levei o maior desfalque porque acabei esquecendo as compras na barraca de florzinhas para cabelo (estou viciada nesses trocinhos...acho que ficam perfeitas no meu black). Depois do susto, fomos comer pastel e tomar caldo de cana ouvindo uns velhinhos tocando chorinho (luxo puro!). Para fechar o passeio com chave de ouro, muito tricô das madames na barraca de doces, com direito à torta de banana, doce de abóbora, de coco e café de coador bem doce. Trabalhei a noite toda super bem disposta e terminei a odisséia na casa de Raquel, comemorando mais uma primavera da bonita. Rodeada de pessoas do trabalho e muito queridas, pedimos arrego por volta das 4h da manhã. Afinal, ela precisava descansar e nós também, para meu último dia de trabalho no café.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

8 dias

Essa noite foi duro pegar no sono. Um monte de coisas na cabeça: as roupas para dar, os sapatos para separar, os livros pra doar, coisas pra comprar...ufa! Aí, quando finalmente adormeci, comecei a ter cada sonho estranho! Bom, a noite passou, o dia clareou e é hora de ir atrás do que ainda falta. Hoje mandei para todos os meus queridos um convite para a festinha de despedida. Vai ser na semana que vem, quarta-feira. A Bu não gosta de falar em despedida, prefere que eu diga que é uma festa de aniversário. Que seja, o fato é que vai ter festa e eu adooooro! Espero que todos possam aparecer, nem que seja para um oi breve e um choppinho...Antes de ir trabalhar ainda vou passar na loja de malas e comprar uma que vi supimpa por um precinho camarada. É...agora tenho que pensar bem em como investir cada centavo. Afinal tenho que ter dinheiro suficiente para encher a cara na quarta-feira

quinta-feira, 5 de junho de 2008

9 dias

Esse é o tempo que eu tenho, a partir de hoje, para organizar todas as minhas coisas, colocar nas malas e entrar no avião rumo à Europa. Meu vôo sai de São Paulo às 16:30h do dia 14, faz uma escala em Paris já na manhã do dia 15 e de lá segue para Barcelona, meu destino final pelos próximos 3 meses. Depois só Deus sabe. Olhando agora, 9 dias não são nada. Afinal, foram mais de 6 meses planejando e batalhando para que esta viagem desse certo. E dará, nunca duvidei disto. Ainda há detalhes a serem ajustados mas o principal já está no jeito. Agora é esperar...