quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Finalmente una barbacoa!

Eu já estava convencida de que nunca conseguiria fazer um churrasco aqui em Barcelona. Primeiro porque nao tenho uma casa com quintal para isso; segundo: o namorado e os amigos da city muito menos; terceiro: com o preço da carne aqui nao ia sair barato, mas...Mas eis que caiu do céu um anjo chamado Antonio. Na verdade ele é amigo de anos do Joselito, inclusive já compartiram piso em um pueblo fora de Barna (quando Jose estudava na Universitat Autonoma de Barcelona). E na semana passada eles combinaram de se ver pela base e eu estava aí também. Conversa vai, conversa vem ele comenta que mora num ático, com uma puta terraça e pergunta quando o Joselito vai poder ir visitá-lo aí. Na hora me piscou na frente dos olhos uma churrasqueira e eu tive que dar uma cutucada de leve nele e dizer: "a gente bem que podia fazer uma carninha na brasa já que ele tem terraça, hein...". Nao precisei de muito mais: meia-hora depois já tínhamos combinado dia e hora para o evento e lá fomos nós ontem para Barbera del Vallès preparar nosso chu-chu. Compramos carne argentina num açougue aqui perto de casa, umas linguiças (que nao eram Aurora mas estavam boas pra cacete!) e umas morcillas (eu nao como mas o Joselito ama). Noooossa, que delícia estava tudo! Joselito se encarregou do fogo enquanto Antonio e eu preparávamos a salada, o pao, a mesa e algum outro detalhe. Para acompanhar a comilança Antonio comprou um Rioja (reserva 2004) que estava dos deuses. Enfim, foi tudo perfeito: boa comida, boa bebida, bom papo e companhia. Valeu a pena esperar tanto mas agora que já sabemos o caminho creio que vamos repetir a dose logo menos.

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Os trabalhos continuam rolando a todo gás, verao em Barcelona causa esse efeito mesmo. Tô até me dando ao luxo de dizer que nao vou a algum lugar ou outro que me chama porque nao quero deixar de curtir a cidade só para trabalhar. É legal ter grana mas é legal também ter tempo pra mim mesma. Tempo até para nao fazer nada (e se esse nao fazer nada pode ser acompanhada, melhor ainda). Sigo procurando algo para fazer pelas manhas, já que os caras do restaurante mudaram meu horário para noite (agora trabalho todas as noites da semana). Se encontro, alguma coisa vou deixar de fazer porque trabalhar 7 dias da semana durante a noite nao é tao legal.

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Depois de 1 ano e 2 meses aqui finalmente tomei uma iniciativa: marquei hora com um advogado para ver o que preciso fazer para legalizar minha situaçao aqui. Sempre tem alguém que te diz uma coisa, logo vem outro que te diz outra, mas no final nao sei onde está a verdade. Marquei uma hora e vou tirar todas as minhas dúvidas. E mais: os donos do Kan Kan estao dispostos a ajudar com um contrato (se nao houver outra maneira, claro) de camarera. Sinto-me muito mais otimista, Joselito mesmo disse pra eu perguntar se ele nao pode me fazer um contrato de alguma coisa, já que é autônomo. Tudo isso vou perguntar para Eli, a advogada, na semana que vem. E seja o que Deus quiser!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um pequeno surto e uma grande família

Sempre sofri de TPM. Nunca sofri de cólicas, nem de dores nas costas, de cabeça, nada, mas em compensaçao meu estado de ânimo passa por uma transformaçao radical. Há meses noto isso, mas dessa vez passou da conta, de tal forma que comecei a chorar na terça-feira à tarde e só parei na quarta-feira à noite. Horrível! E, claro, sobrou pro Joselito, tadinho. O fato é que nao é muito cômodo saber que ele mora numa casa com uma amiga, de anos, com a qual já teve um rolinho no passado. Nao é cômodo, mas é compreensível. Mas nas minhas TPMs nada é compreensível, entao cheguei à conclusao que o melhor para nós dois seria a separaçao. Resolvi tudo sozinha, na minha cabeça e só de pensar já me vinham as lágrimas. Pois muito bem, chamei ele para conversar ontem e botei tudo pra fora. Só de lembrar da cara dele...me corta o coraçao. Claro que no fundo eu sabia que ele nao ia deixar eu terminar só porque ando meio louca esses dias. Mas a expressao e as palavras dele bastaram para me fazerem mudar de idéia. Na verdade só o amor que eu sei que ele sente por mim seria suficiente, mas quando o assunto sao os hormônios femininos o buraco é mais embaixo. No final das contas escutei de novo ele dizer que sou a coisa mais bonita que já aconteceu na vida dele, que me ama, me quer, que comigo está muito feliz e nao precisa de mais ninguém e otras cositas mas. Eu sempre soube que tinha um jóia preciosa como namorado. Ontem essa jóia reluziu um pouco mais. E terminamos tudo como Deus manda: nos amando enquanto lá fora caía uma chuva de estrelas (e quem nao acredita pode procurar na internet para ver que é verdade!).

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Quando planejava minha viagem à Barcelona deixei meus pais de fora porque podia jurar que eles nao iam entender, que iam me recriminar e tal. Nao só nunca fizeram isso como desde entao sempre me deram o maior apoio, para tudo: para seguir aqui ou para voltar, se essa fosse a minha vontade. Já me mandaram grana uma vez que precisei muito, sempre me dizem palavras de ânimo quando nos falamos por telefone (tudo bem que uma vez ou outra minha mae ainda me tira do sério mas isso é porque mae é mae e pronto). Mas hoje, conversando com meu pai, vi que eles nunca vao parar de me surpreender. Comentei com meu pai que tava dando uma verificada nos meus documentos, na minha dívida com o banco e ouvi dele o seguinte: "Tua vida agora é aí, você nao tem que se preocupar com nada daqui. Um dia, quando você aparecer, você se preocupa com isso. Agora o importante é você buscar seu bem-estar aí em Barcelona". Foi a primeira vez que o escutei assumir para mim que minha vida já nao estava mais em Sao Paulo. Fiquei e estou muito feliz. Fora isso andei enchendo um pouco o saco da minha prima Kátia por causa da dívida do banco e ela me botou todos os pingos nos is dizendo: "Quem nao têm bens, nao têm dívida, entao relaxa. Se um dia eles baixaram para quase nada você pensa se vale a pena resolver a parada ou nao". Nossa, que alívio. Nao por nada, porque isso nao me afeta aqui, mas nao gosto de saber que meus velhos recebem carta de cobrança. Mas já que ela, que é advogada e sabe muito bem o que tá falando, e meu pai me disseram pra nao esquentar porque nao tenho motivo me sinto mais leve. A cerveja essa noite vai ter um gosto especial.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Brincando de casinha

Quando o Mau e eu namorávamos e eu ia passar o final de semana na casa dele a gente dizia que "brincava de casinha" porque fazíamos tudo junto: organizávamos a casa, faziamos compras, comida...E agora que Cillian nao está é exatamente o mesmo que ando fazendo com Joselito, com a vantagem de nao ter nem que sair já que é ele quem vem para cá. Passamos os últimos dias pegadinhos, pegadinhos, vendo filmes, tomando café, almoçando e tomando cerveja juntos. Uma noite saímos para visitar o bebê da Esther que nasceu (e é uma coisinha fofa!) e esticamos até o cinema para ver Up. O resto do tempo passamos na cama mas hoje, que ele nao está e nem virá, me sinto mega cansada. Penso em ir para a cama cedo para recuperar o corpo...Tenho que dizer que ter a companhia de Jose, para o que for, me deixa nas nuvens. Fora o fato de ele ser um super namorado é um ótimo companheiro e amigo. Nao há ninguém com quem eu mais goste de conversar e dividir coisas que com ele e cada vez mais noto que a recíproca é verdadeira.

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Como eu já comentei brincando outras vezes a tal da crisis nao afeta aos ilegais. Pois justamente hoje chego ao restaurante e encontro uma italiana reclamando que nao encontrada nada de trabajo de camarera, que se eu souber de algo para avisar aos amigos que trabalham comigo pra ela ver o que rola. E nao é que enquanto repartia meus santos flyers me passa um senhor dizendo que tem uma loja de produtos de informática e me convida para repartir flyers para ele também? Disse que podia me dar comissao pelas pessoas que entrassem e comprassem mas dessa vez vou passar a bola. Com os bicos que tenho já estou bem, nao preciso me matar para ganhar mais grana e conheço gente que tá precisando mais do que eu. Amanha vou passar por lá para conversar e indicar uma colega. Esticando um pouquinho a manta cobre todo mundo, nao é assim?

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Com essa de ter que se espavilar para esplicar em outros idiomas onde está o restaurante, onde está tal rua, como se chega até a Sagrada Família e coisas do gênero, meus idiomas estao melhorando a olhos vistos. Meu inglês nunca foi uma maravilha mas quando a gente se esforça acaba saindo. Pois agora já consigo explicar como se chega a qualquer lugar nesse idioma. O italiano pouco a pouco vai entrando (uma das vantagens de trabalhar para o restaurante) e as perguntinhas básicas já sei fazer, assim como contar e saludar. O catalao é um tema. Ainda nao consegui me inscrever no curso mas sei que uma hora vai rolar. Toda terça rola aqui em casa um intercambio: a Solenn vem ensinar francès (ela é de Paris), o Ronald vem ensinar alemao (ele é chileno mas tem família alema e viveu muitos anos por lá) e o Carmelo...bem, o Carmelo cozinha. Como ele trabalhou em restaurante e tem boas noçoes ele faz o rango da moçada. Tentei assistir a primeira aula de francês e confesso que me pareceu muito difícil. Alemao nem se fala. Acho que vou persistir no italiano antes de me aventurar nas outras línguas.