sábado, 26 de setembro de 2009

A visita do vovô

Esta semana esteve por Barcelona o seu Luis, avô do Joselito e, como nao podia deixar de ser, marcamos de passar um dia todo juntos. Na terça-feira a tarde nos encontramos e já fomos tomar umas cervejas pela city, antes de almoçar. Ele quando sai de casa já tem tudo planejado na cabeça: duas horas para a cerveja, mais duas para a comida, uma para o café, outra de passeio e depois mais algumas de cerveja e tapas por aí. Adoooro esse velhinho, talvez por nunca ter tido de verdade um avô (os meus viveram sempre na Bahia, só os via nas férias de fim de ano e os perdi quando ainda era muito pequena, ou seja, quase nao tenho recordaçao de nenhum deles fora minha avó materna, mas ela tampouco era o estilo "vovozona"). Já no primeiro bar ele começa a tirar piropos à camarera. Joselito e eu nem falamos nada, deixamos ele bem à vontade. No segundo, igual. O legal é que antes de soltar os elogios ele sempre pergunta se a moça é casada. Se ela diz que sim, ele se desculpa e diz que por respeito nao elogia mulher casada. Claro que as camareras tooodas se derretem, sorriam de orelha a orelha porque o velho realmente é um campeao. Oitenta e quatro ano e uma vitalidade que eu nunca vi. Depois das cervejas fomos comer no Senyor Parellada (finalmente consegui conhecer o melhor restaurante de Barcelona, segundo a opiniao generalizada de quem mora aqui). O lugar é mesmo muito bonito e a comida...Comecei com uma fideuá negra con sépia (fideuá é um tipo de macarrao fino e curtinho, usado para fazer paella também; negra pela tinta das sépias - tipo de champignon daqui) que já estava dos céus (Jose foi de carpaccio con alcaparras e seu Luis de sopa de cebola) e depois provei o Pato con higos (figos) que foi simplesmente o melhor prato que já comi em toda minha vida. Ainda posso sentir aquele sabor agridoce na boca...Tudo regado por um vinho de puta madre, escolhido pelo Joselito. Depois veio a sobremesa, o café e, claro, a conta. E claro também que nao me deixaram nem ajudar a pagar. Como bons cavalheiros que sao, os dois dividiram os 125€ entre eles. Achei que fosse sair mais caro, afinal foram duas garrafas de vinho, pratos e tudo o mais. Bom, de lá fomos tomar outro café em frente a Santa Maria del Mar e enquanto Jose conversava com uns amigos eu fiquei à mesa com seu Luis. O que eu ri com as histórias do velho nao tá no gibi! Que conheceu uma "amiga" de 35 anos, com um corpo lindo, que usou nela um vibrador porque já tem mais uma ereçao completa faz anos...Gosto dele por isso também, porque é assim, natural. E depois vieram outras mais ou menos do mesmo nipe: amigas, vizinhas, venderoras do mercado...E nisso passamos 3 horas ali sentados, olhando o movimento e tomando café. Dali seguimos o roteiro de mais uma cervejinha e no caminho ele solta: "a ver se os casáis luego y me dáis un bisnieto que ya estoy viejo". Calma lá, seu Luis, tudo a seu tempo. Entao nos despedimos. Ele tem energia mas nem tanto e já eram mais de 10 horas da noite, hora de ele ir descansar. O deixamos no ponto do ônibus para ele voltar para a casa da filha e ficamos de nos ver hoje mas infelizmente nao foi possível. Amanha ele já volta pra Jaén e agora só vamos nos ver...Deus sabe quando. Fiquei meio chateada porque nem me despedi, mas tudo bem, sei que em dezembro Jose sempre vai ver a família por essas bandas e eu, provavelmente, vou junto. O velhinho já deixou saudade...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Correndo atrás

Uma semana depois do "claro que sim" ainda tô correndo atrás dos documentos para marcar a data do casamento. Liguei pra uma caralhada de gente pra ver se alguém tinha algum contato em Brasília para pegar os selos do Ministérios das Relaçoes Exteriores e da Embaixada. Tava tudo certo, mas ontem descobri que o rapaz nao ia poder mais. E lá vou eu fazer mais contatos e no final acabei deixando tudo nas maos de um despachante. Vai sair mais caro pro meu pai (que tá bancando tudo com o maior dos prazeres) mas pelo menos é garantido. Se nao houver mais nenhum atrasado - e em se tratando da nossa burocracia nao é difícil - os documentos chegam aqui em duas semanas. Depois tenho que mandar traduzir, fazer uma inscriçao no Consulado daqui e pronto, é só ir em qualquer cartório e marcar a data. Confesso que essa correria toda me cansou um pouco, mas teve saldos positivos como, por exemplo, saber que o Mau tá grávido. Acabei ligando pra ele também pra saber se nao tinha algum amigo em Brasília e ele me deu a boa nova. Fiquei muuito feliz em saber, assim como acho que ele também ficou com a notícia de que vou casar. Nossas vidas, mesmo tomando rumos distintos, vao estar ligadas para sempre. Tenho um carinho e um amor por ele que nada pode apagar. Acredito que a recíproca é verdadeira também.
Fora isso voltei a procurar trampo. O restaurante italiano deu uma parada com os flyers por este mês mas algo me diz que eles nao vao voltar a me chamar. É foda porque deixo de ganhar uma boa grana, mas é bom também porque assim me movo pra buscar algo melhor, mais estável. Acabei ligando de novo na clínica de doaçao de óvulos e vou voltar a doar. Sei que é punk fazer negócio com o próprio corpo, também nao me agrada a idéia, mas a grana tá curta e se eu quero mesmo ir pro Brasil em janeiro tenho que ter grana. Ah, acho que nao comentei isso: se tudo der certo em janeiro Jose e eu vamos visitar meus pais e dar umas bandas pelo país. Ele tá encantado com a idéia e eu também. Tô louca pra apresentar ele pra family e para todos aqueles que sao importantes para mim. Agora é continuar correndo atrás.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Nao foi um sim...foi um "claro!"

Foram 7 dias de agonia. Sete dias procurando uma maneira de pedir um favor. É que nao era apenas um favor. Era O favor. De tanto dar voltas no pensamento até a minha menstruaçao desceu antes do tempo. Nao dava mais pra adiar. Entao resolvi que de ontem nao passava. Fomos a nossa restaurante favorito aqui de Barcelona porque eu queria um ambiente neutro. Nos sentamos um em frente ao outro, como sempre. Pedimos os pratos, veio o vinho e depois do brinde, comecei:
- Jose, tô a mais de uma semana procurando uma maneira de te perguntar uma coisa entao como nao encontrei uma muito boa vou falar logo, assim, de cara, pra ver se sai: você quer casar comigo?
- Claro, perli.
- ...
Quando ele respondeu eu ainda estava com a cabeça abaixada porque a vergonha tava queimando as minhas bochechas. Escutei aquele "claro, perli" e levantei os olhos perguntando:
- Entao sim?
- Claro que sim, meu amor. Eu já estava procurando mesmo por internet o que era preciso, na questao dos documentos, desde que você me comentou da advogada...
Fiquei passada. Quase nem saiu o "gracias", de tao surpresa com a resposta que ele já tinha ali, na ponta da língua. Sempre soube que Jose era um homem maravilhoso, no sentido de caráter, de bondade e, claro, de ser um namorado estupendo. Mas ainda assim fiquei muito surpresa com a rapidez da resposta e em saber que ele já estava procurando o que era necessário pra gente resolver a minha situaçao aqui. Nao conversamos muito sobre os detalhes porque logo chegou Carmelo e combinamos de nao comentar com ninguém pra que nao fiquem fazendo comentários ou dizendo coisas que nao têm que dizer. Afinal de contas somos maiores, vacinados e nao devemos satisfaçao a ninguém. Os únicos que sabem, até agora, sao meus pais, umas amigas e os poucos leitores desse blog. Nao sei se vamos morar junto de fato, se vamos nos divorciar depois de um ano (só preciso estar casada um ano e depois ele pode ser "liberado"). Nao sei nada. Só sei que estou muito feliz por ter encontrado a tao esperada luz no fim do túnel. E ela tem nome: Jose.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Eles estao chegando...

Já faz dois dias que noto os sinais. O que mais me estranha é que cada mês eles começam a chegar mais cedo. De momento só sinto as laterais dos dois seios bem sensíveis, no que diz respeito à parte física. Mas a cabeça...Dessa vez (graças a Deus) nao tem nada a ver com ciúmes. Joselito e eu voltamos a estar naquela fase de muito amor, de estar mais juntos, de querer estar cada vez mais pegaditos. O tema agora é outro. Na sexta-feira fui ver uma advogada, tirar minhas dúvidas com respeito à minha legalizaçao na Espanha. Foram duas horas de conversa, de toma de notas, de impressao de folhas e o resumo da história é: antes de ter pelo menos dois anos aqui nao consigo nada. Nem com proposta de trabalho a extrangeria está autorizando contrataçoes de gente de fora. E tem mais: mesmo com dois anos nao tenho garantia de que, mesmo com uma proposta, eu consiga os tais papéis. Com três anos, segundo ela, a coisa é totalmente garantida, porque aí eu demonstro que vivi aqui esse tempo e com um contrato já resolvo o problema. O que me deixou boquiaberta foi escutar, da própria advogada, que o mais seguro e fácil, agora mesmo, é casar. Minha cara caiu no chao, meu ânimo veio abaixo junto. Como podia ser assim? Justo comigo, que já cheguei aqui sendo totalmente contra o casamento por negócio? Porque trabajar com os flyers nao é o pior de todo, me pagam bem, nao me aborreço, mas agora vejo que é um desperdício de talento. Sei que posso fazer muito mais, a putada é que nao me dao nem a oportunidade de tentar, sem o caralho dos papéis! Realmente, nao sei o que fazer...Nao posso sair daqui porque só de pensar que vou me separar do Joselito me parte o coraçao. E tampouco posso continuar mais 2 anos nessa situaçao. Acho que vou a ter que mudar meus conceitos...