quarta-feira, 30 de julho de 2008

A volta, mais Isolda e mudança à vista

Que lindo foi despertar na segunda-feira...o relógio me sacudiu às 8:50 e eu simplesmente desliguei o alarme e dormi até quase 4 da tarde. Delícia! Domingo tive de ir à Bikini, tinha reniao com a turma dos flyers e o Beto. Prometi pra mim mesma que só ia pra reuniao e voltava, como diria minha mae e meu pai, "por cima do rastro". Mas é claro que, com a turma que arrumei aqui, nada é rápido e quando vi já eram 4 da manha e eu ainda tava lá, tomando gin tônica e rachando o bico com a Mari. Confesso que cheguei bem embucetada, nao tava a fim de ir. Mas depois, com o Antonio e as outras meninas fui mudando de humor. Cheguei em casa quase 6 da manha e era óbvio que nao teria saco e nem ânimo pra sair cedo da cama.

Tirei o dia para mim. Descansei, fiz a unha, hidratei o cabelo, cantei um monte (sem nóia de reclamaçao de vizinho porque acho que esse prédio é meio fantasma). Mas o puto do Joselito nao me saia da cabeça. Lá pelas 7 da tarde ele me ligou. Nao tenho palavras pra dizer como fiquei contente. Convidou-me para ir à Vallcarca, a tomar algo com ele e os pais de Esther que haviam chegado de Leon (outra regiao da Espanha). Peguei Isolda e seguimos caminho.

Acessórios
Ontem, enquanto ia à depilaçao (encontrei uma brasileira! estou salva!), deixei Isolda num taller para colocar uma cestinha no guidón e um pedal. Ficou ótimo! Estou adorando fazer concertos na danada. Essa vida de bicicletera tá me encantando...

Cheguei lá e enchi o Joselito de beijos. Na sala, conheci os pais de Esther, que sao uns amores. A mae, cabeleleira, nao conseguia tirar a mao do meu cabelo (sorte que tava limpinho). O pai era tao palhaço quanto o Joselito. Foi uma noite muito agradável. O mais bizarro, pra mim, foi o Joselito fazendo um porro, na frente de todos, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Claro, assim o era. Só nao era pra mim. E o danado ainda ofereceu pro pai da Esther, ao que este agradeceu sorrindo, dizendo que nao fumava. Mas eu sim.

Na hora de dormir, os velhos resolveram que iam para o chill out. O Joselito, com todo jeito do mundo, ainda tentou dissuadí-los da idéia, afinal aquele era nosso cantinho de amor. Mas eles nao se deram conta e ele, como bom anfitriao, nao argumentou mais. Nos restou dormir na cama dele, aquela barulhenta da porra. Mesmo com todos os esforços do mundo, nao teve jeito de ela parar de ranger. Mas também, a gente nao se via a 3 dias, tínhamos muito amor acumulado, né?

Ontem, depois da aula, fui fazer a depi, arrumar a Isolda e depois passei pela base dos trixis para tomar umas. Tentei convencer o Edu para vir de bici comigo. A subida é cansativa mas se eu, gordinha que sou, consigo, que dirá ele que está bem mais acostumado. Nao teve jeito. O jeito, entao, foi beber. Ele foi embora logo e eu fiquei com Joselito, Gerard e Vasco. Foi aqui que o Vasco me lançou a seguinte pérola...

A pérola de Vasco
O meu trixista mais querido (empatado com Joselito), Vasco, está indo para o Porto, sua terra natal, por um mês. Eu já havia pensado em sugerir a ele que eu ficasse em seu quarto até ele voltar, mas acho que quando falei ele já tinha fumado demais e nem se deu conta. Ontem me fez a proposta: ficar um mês no seu quarto, no Bairro Gótico, pagando pouco. Topei por dois motivos. Primeiro porque nao tava querendo mesmo ficar muito mais aqui em Bonanova. É ótimo nao ter que pagar pra viver, mas aqui estou longe de tudo, de todos...Há seus prós e contras, claro. E segundo porque quero me forçar a buscar algo definitivo logo. Acordei com isso na cabeça. Entao, dia 4 de agosto, me mudo de novo. Já tô me acostumando a viver em malas.

Lá pela meia-noite, resolvemos sair da base e ganhar a rua. Gerard, Joselito e eu fomos todos juntos, com suas respectivas magrelas, até a Plaza Catalunya. De lá, o chefe dos trixistas se despediu do mais novo casal da cidade e nós seguimos juntos até a Plaza Lesseps. Claro que no caminho paramos, nos beijamos, fizemos palhaçadas...Perdi a conta de quantas vezes um semáforo abriu e fechou sem que eu conseguisse descolar dos lábios dele. A última vez que contei já somavam 5 vezes.

Agora vou mandar mais uns cvs, descansar e à noite vou distribuir os flyers. Depois nao sei. Só sei que só vou a Vallcarca se o chill out estiver desocupado...rs...

domingo, 27 de julho de 2008

Praias, gatos e uma noite esquisita

Sábado Mari e eu já havíamos combinado há tempos de sair da cidade. Ela sempre me disse que a praia de Castelldefeles era muito melhor que a de Sitges, ambas situadas fora de Barcelona. Resolvi que tinha de ir lá pessoalmente pra ter minhas próprias conclusoes. E fomos. Acordamos mais ou menos cedo e nos colocamos em marcha. Mesmo com aquela cara de quem tomou todas na noite anterior.

A noite anterior
De quinta para sexta fui passar a noite com Joselito, depois de distribuir os flyers. Fui de bicicleta mesmo, apesar de saber que ia ter que subir um caralhao. Era mais ou menos uma despedida porque ele ia para Menorca na sexta pela manha e lá ficaria até segunda. Era convidado de um casório e nao ia perder por nada. A noite, claro, foi ótima, o despertar igual e, como nao teria ele para curtir a noite de sexta, aceitei o convite da Mari para ir a um bar underground perto da casa dela. Quando chegamos (depois de ter começado a balada com uma turma super careta), logo colaram na nossa bota dois espanhóis. Ficaram um bom tempo conversando com a gente, achando o máximo poder conversar com duas mulheres num bar porque as espanholas nao dao a mínima para eles em bares ou baladas..., meteram o pau no corte de cabelo daqui que realmente é horrível... Pra resumir: a Mari se arranjou com um e eu...bem, eu me meti numa discussao ridícula sobre onde estava o México (se era América Central ou do Norte) e dizendo nao aos apelos de beijos do outro. Aí me deu aqueles cinco minutos, aquela loucura que sempre me dá quando a bebedeira bate nervosa e fomos embora. Chegamos em casa lá pelas quatro da manha e levantamos às 10 e meia. Nada mal.

Pegamos o Renfe (o trem daqui tem esse nome) sem ter a menor idéia de qual plataforma era a correta. Ao perguntar a um senhor, este nos disse que podíamos pegar o próximo que passaria ali mesmo onde estávamos e que, para Castelldefeles, nao deveriamos descer na primeira parada, que era a cidade, mas sim na segunda, que era a praia. Mensagem copiada, lá fomos nós. E nao é que o cara se equivocou e, sobre protestos e bicos da Mari, fomos parar em Sitges? Pra mim tava tudo bem, nao conhecia aquela praia mesmo, mas ela...tava emputecida. Falei pra ela relaxar, ela ouviu, acatou e fomos dar um rolezinho. Realmente a cidade é uma graça. Mas a praia é loteria. Pra achar um lugar para botar a canga custou. Mas conseguimos. O lugar tava bombando e quase 80% do público era gay. A praia já tem mesmo essa fama e eu, claro, nao me importei nenhum pouco com isso. Mas o mar nao era mesmo lá grandes coisas. Ficamos um tempo, tomamos um sorvete e eu propus irmos de fato para Castelldefeles. Ainda eram 4 da tarde, com sol até as 10 da noite a gente ainda podia fazer muita coisa. E lá fomos nós.

Chegamos sem erro e logo a Mari ligou para um cara que mora nessa praia e que é amigo da irma dela. O Ricardo era muito gente boa e trampa num esquema de aluguel de hamacas (espreguiçadeiras). Logo nos ofereceu 2 e ficamos ali, curtindo a brisa e aquele marzao sem tanta concorrência. E água do mar estava perfeita.

A chegada em Castelldefeles
Descemos do Renfe e fomos andando até praia. Quando subimos no calçadao eu reparei que vinha vindo um gato. Nao, gato nao, um tesudo da porra, na mesma direçao. Olhei bem nos olhos para nao deixar dúvidas do meu interesse e...nao é que ele correspondeu? Ele foi indo na frente com dois amigos e a Mari e eu atrás, rachando o bico de tudo (desde que levantamos que parecíamos duas retardadas drogadas porque a gente nao parava de rir) e ele dava umas olhadas para mim. Eu tava pirando, juro. Era bom demais pra ser verdade um gato daquele estar correspondendo aos meus assédios. Aí chegamos no ponto para encontrar o amigo da Mari e os caras foram para um carro. Nao resisti e dei um tchauzinho. Pra quê...o cara nao só deu tchauzinho como também ficava fazendo sinal para eu ir até o carro. A gente andando na areia, no sentido do quiosque do amigo, e o gato ali, fazendo sinal sem parar. Nao deu outra: voltei e fui conhecer o cara. Se chama David e me convidou para ir a uma festa com ele à noite. Nao ficamos nem nada, mas vontade nao faltou...

Quando deu sete horas Mari e eu resolvemos voltar. Nesse meio tempo ela me perguntava porque cargas d´água eu nao tinha ficado com o gatinho na sexta. Eu nao conseguia responder direito, só dizia que tava pensando no Joselito e que nao queria. Mas me bateu um arrependimento da porra e ela mandou uma msg pro bonitinho dela contando que eu queria uma segunda chance. Msg vai, ligaçao vem, o bonitinho da Mari marcou um encontro para nós quatro. A gente ainda tinha que se aprontar.

Chegamos ao bar às 23 e um pouco, conforme o combinado e eles já estavam lá. Só que algo, pra mim, nao começou bem. Eu tava pouco a vontade com aquela situaçao, o cara tinha tirado a barba (de fato nao era um gato, mas tinha um jeito foto e uns olhos verdes lindos!), mal conversávamos. Ao final, acabando indo, todos, para a casa do Cláudio (meu bonitinho) com 12 long necks de Voll Damm e uma garrafa de vinho. Péssima idéia.

Sim, acabei ficando com o Cláudio, que se mostrou um maníaco sexual. Logo no primeiro beijo já quis meter a mao nos meus peitos e eu nao tava nem um pouco a fim e falei com todas as letras. Achei que ele nao fosse surdo mas parece que era. Depois de outras incursoes, todas mal sucedidas, nesse corpinho, resolvemos ir embora. Nem tchau a gente deu. Fiquei com medo do cara, juro. Quando eu disse que íamos embora ele falou bem serio que nao, que nao iríamos. Levantei na hora e falei: "quero ver eu nao ir". A Mari já tava no elevador, para o caso de algo sair errado. Chegamos na calçada dando graças a Deus de termos saídos sas e salvas daquele antro. Eu hein...que furada. No final, tudo deu certo. Pelo menos nao ficamos na dúvida do que poderia ser. Fomos lá e comprovamos que nao foi tao bom quanto imaginávamos. Dos males, o menor.

Voltamos de táxi até a casa da Mari e, quando sentamos na praça pra comer umas chips e conversar, chega um gay, do nada, perguntando se éramos lésbicas porque o amigo dele queria falar comigo. Eu REALMENTE mereço...

Agora tô aqui, muito bem descansada, depois de dormir quase o dia todo. Tenho de ir distribuir flyers e depois ir à Bikini. Mandei msg pro gato de Castelldefeles, convidando-o. Ainda nao respondeu mas...a esperança é a última que morre.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Casa nova e Isolda

*creio que de agora em diante todos os posts serao como este, sem o "til" nas palavras porque o teclado daqui é diferente e tampouco se usa este acento em castellano

Sábado veio, com ele a mudança e tudo o mais que havia comentado antes. Pois correu tudo bem, tirando o fato de que seu Joselito estava um tanto distante já na sexta e mais ainda no sábado. Nao sei se era ciúme, se era receio de se envolver...Enfim, lá fui eu de mala, cuia e mau jeito nas costas até a base dos trixis esperar o seu Sabonete. Pois nao é que eu me esqueci que na filha da puta da praça nao entra carro? E o motorista tampouco fez mençao de me ajudar com o que quer que fosse. Simplesmente recebeu a grana, largou as malas na calçada e picou a mula. Mas...mas...como alguém lá em cima gosta muito de mim, bem na hora em que eu pensava que ia me lascar toda, que se deixasse uma mala ali certamente nao a encontraria na volta...estava decidindo se me fodia tentando levar as duas com todo o mau jeito nas costas...eis que passa, livre, leve e sorrindente comendo uma banada meu querido Vasco.

Rápida recapitulaçao
Vasco foi, de fato, a primeira pessoa com quem fiz amizade na primeira noite em Barcelona. Foi ele quem me apresentou os trixistas e que, oficialmente, deu início a minha querida turma dessa cidade maravilhosa.

Pois o chamei, em português mesmo porque ele é português, e ele veio, todo fofo, e me ajudou com tudo até a base de fato. Fiquei ali até mais de 10 da noite porque seu Sabonete nao chegava. E, quando chegou, recusava terminantemente a idéia de irmos de táxi. Hóstia! Como iríamos de metro, com todo aquele peso? Finalmente, depois de muita insistência da minha parte e das bromas dos outros trixistas que nos acompanhavam até a Via Laietana, ele aceitou. Claro que eu ia pagar, nem tinha cogitado de ele fazer isso, ia me sentir péssima. Só o que faltava era o cara me dar a casa e ainda pagar o táxi da minha mudança. Porfa!

Entao chegamos a Bonanova. Brindamos com dois copinhos de vinho tinto depois que ele me apresentou a casa toda.

Algumas consideraçoes sobre a casa
Nao contei ainda, mas creio que aqui há uns 8 quartos, uns 4 banheiros, uma sala de jantar e uma cozinha monstras, sem falar nas duas saletas (uma de entrada e uma de leitura). Meu, na boa, o cara mora NA CASA. É um apê na zona residencial mais cara de Barcelona. Mas é como se eu estivesse num museu. As coisas todas sao bem antigas (mas dá pra entender, o pai do Bonete tem mais de 70 anos e, segundo ele mesmo, é uma pessoa muuuito conservadora. Tanto que nem sabe que eu tô aqui. E nem precisa mesmo). Ha fitas VHS por onde quer que se vá, a louça é do tempo do guaraná com rolha e por aí vai.

Aí...depois de sofrer quatro semanas com o barulho da Carrer de Cabanes, onde vivia no bairro de Poble Sesc, finalmente eu consegui dormir. Sem barulho. Sem quarto abafado. Sem ruído de gente falando, ou de carros passando. Nada. O silêncio, enfim.

Levantei domingo só pra ir entregar os flyers na praia. Fazia um calor de copon e eu queria ficar na cama até o meu cu fazer bico mas eu tenho que ganhar a vida. Fui. E como nosso roteiro incluía praias onde eu nunca havia ido, ao entregar os dois primeiros flyers em Mar Bella, descubro que estou numa praia de nudismo. Juro, nunca vi tanto peru junto. De todas as formas, tamanhos, cores, pêlos de toda ordem. Confesso que me senti incomodada com esta situaçao tao nova. Queria sair dali correndo e gritando. Olhei pra Mari e ela ria, pensando exatamente a mesma coisa: "que porra a gente tá fazendo aqui?" Andamos um pouco mais e descobrimos também que além de nudista a praia é o point das bibas. Cada uma, claro, mais linda que a outra. Sarada, toda bronzeada e um som das pistas de sair bailando. Que saudade da The Week!! Por mim ficava só pela música. Na boa, nao tem público melhor pra escolher eletrônico que o público gay.

Voltando da praia passei pela base, pois nesse meio tempo seu Joselito me mandou uma mensagem bem formal mas muito interessante. Minha bicicleta finalmente ficara pronta. Quando dei a primeira voltinha, só o test drive mesmo a pedido de Jose, pensei: essa fia da puta tinha que ser minha mesmo. Super confortável, exatamente o que eu queria de uma bici. E já há havia batizado quando a vi pela primeira vez: Isolsa. Jose dizia que se chamava "La Portuguesa", porque o fabricante era destas partes do Porto. Mas a dona sou eu e agora ela vai ter esse nome e ponto.

Eu tava só o pó e ainda tinha que ir a Bikini...joder! Mas aí...fiquei na base...bebendo até uma meia-noite e alguma coisa com seu Joselito (sem beijo, detalhe fatal). Ele até que tentou me ensinar o caminho de volta. Só que com umas 4 na cabeça, mais alguns porros...o caminho que a princípio levaria 40 minutos demorou mais de 1 hora e meia. Claro que eu me perdi. Claro que eu me cansei. Da base até aqui eu, simplesmente, CRUZO A CIDADE INTEIRA. E mais: SÓ SUBIDA. Sim, me danei. Mas cheguei. E aqui estava seu Sabonete me esperando, pra conversarmos um pouco. Muito foto. Tomamos mais um copinho de vinho e fui dormir. Eu merecia e segunda eu queria ir à aula. E pasme: eu fui.

Agora estou numa classe de espanhol avançado, coisa que eu já deveria estar fazendo há muito. Mas só me mudaram porque eu pedi, reclamei da profe, das aulas chatas e deu certo. Tá foda, é super puxado. Só que o resultado é que nem penso em dormir até mais tarde e perder algo. Quero ir todos os dias. Perfeito!

Segundona, curso terminando, liguei pra Mari pra gente ir almoçar. Há dias que só comia bocadillos, queria comida de verdade. Acabamos indo num italiano comendo pizza e tomando vinho. É, é a vida. Mas estava tudo de puta madre, confesso. Inclusive um cara da mesa em frente a nossa. E daí que era gay? Ele era simplesmente um deus. E eis que recebo uma mensagem de Joselito, em resposta a uma que eu havia mandado, questionando porque ele estava tao formal comigo. Além de dizer que era bobagem minha, ainda me convidava para tomar um sorvete. Que rico!

Nesse meio tempo, voltando pra casa na bici, percebi que o pneu de trás da danada tava furado. Caralho! Só que mais uma vez recebi uma forcinha de cima. O metro, que nunca aceita bicicletas, está aceitando até agosto por causa do verao. Entao meti a Isolda escada acima, escada abaixo, metro adentro e viemos até aqui. Uma hora o bilhete do metro caiu no chao e quando fui pegar meti o olho direito no guidón. Só me faltava: ficar sem bici e sem olho, no verao, em Barça, era zica demais para uma pessoa só. Tirando a dor correu tudo bem. Tô falando com alguém de outra esfera é apaixonado por mim?

A noite chegou com ventos românticos pro meu lado. Seu Joselito estava todo prosa e acabamos indo, depois de algumas cervejas em praças novas, em Vallcarca. Pena que seu Chico antecipou a chegada e nao pudemos fazer muita coisa na sala vermelha da sua casa. Mas dormir com ele sempre é bom. E o café da manha estava igualmente guai e bem preparado.

Depois disso tudo, só posso dizer que vai tudo muito bem, obrigada. Tive, inclusive, de parar de escrever por um tempo porque Eduardo chegou e me abraçou um monte, dizendo "que bom que nos vemos, que bom que estais aqui" e me convidou a tomar uma tacinha de cava, o champagne da Catalunha. Ai, ai..ô vidinha boa danada.

sábado, 19 de julho de 2008

Balada, mudança e namorico

Agora são seis e quarenta e quatro da tarde, faz um sol de puta madre, um calor delicioso para estar na praia e foi isso que eu fiz até agora há pouco. Mas cansei de tanto sol. Se minha mãe me visse agora certamente diria: "pra quê tomar tanto sol assim?". A verdade é que minha mãe é muito racista. E eu tô negra. Preta, preta, pretinha, que nem aquela música do Moraes Moreira. Nem era a intenção, mas trabalhando na praia distribuindo flyer e aproveitando o sábado como fiz hoje não podia ser diferente.

O dia foi ótimo, depois da balada de ontem. Comecei no Gap com as meninas que moram aqui comigo e depois fomos pra Roxxy Blue. Cheguei aqui às 6 da manhã, não sem antes parar num boteco pra comer um sanduíche e tomar um café com leite porque a fome também era negra. Acordei com a Mari me ligando pra gente ir pra praia. Como será que ela adivinhou? Eu tinha acabado de levantar pra tomar água, achando o máximo não estar de ressaca depois da mistureba de ontem (chipito de Ypióca, de vodka com manga, caipirinha, algumas Voll Dams (cerveja duplo malte) e dois gin tônica). Tinha mesmo pensando em ligar pra ela pra gente curtir o mar. Fomos, rimos às tampas, paqueramos horrores e ainda comemos uma pizza na volta para recarregar a bateria. Mais tarde talvez a gente apronte mais alguma coisa. Depois eu conto.

Agora estou aqui, com as malas prontas e ansiosa pela mudança. Tá tudo certo, tô indo pra casa do Sabonete. Ele vai me ajudar a levar as malas, mas terei de ir de táxi até o trampo dele porque de busão com uma mala pesando mais de 30 kilos e outra com quase 20 não vai dar mesmo. Nem sei onde ele mora. Só sei que não é na região central. O que terá seus prós e contras. O pró, creio eu, será que finalmente vou poder dormir mais de 3 horas seguidas, sem ter que me despertar com barulho de carros, gente bêbada na rua, ambulância e tal...Aqui onde moro passei um mês dormindo mal por conta do barulho. Eu tinha duas opções: morrer asfixiada com o calor ou abrir a janela e passar a noite praticamente em claro. Fiquei com a segunda. Acho que o dia que dormi melhor foi a segunda noite na casa do Joselito. Vallcarca é um bairro muito tranquilo. E fresco, como ele adora frisar. O contra, também creio, é que para buscar trabalho vou ter que gastar mais com metro e autobus. Mas tudo bem, não vou pagar aluguel, que mais eu quero da vida?

***

Quarta-feira à noite fui na balada onde eu trabalho, a Sala Bikini, com a Mari, a Aju e a Fe. Nossa, foi muito divertido. A gente atirando pra todos os gatos que passavam e eles nada. Aqui é assim mesmo, os caras olham, olham e...olham. Pronto, acaba aí. Se a mina quer algo mais, que arregasse as mangas e vá à luta. Depois de tomar 3 gin tônica resolvi ir embora e a Mari foi junto pra gente rachar o táxi. E fomos pentelhando o taxista até chegar em casa. Perguntávamos porque os homens daqui só olham a mulherada e nunca fazem nada. O cara disse que os espanhóis têm medo das latinas. É bom que tenham mesmo.

***

Quinta-feira depois do trampo vim pra casa dar uma descansada. Lá pelas 22h o Joselito passou por aqui pra gente se ver. Trazia uma roda para a bicicleta. É, tá de rosca, mas pelo menos ele eu sei que tá super engajado em me dar a danadinha de presente mesmo, e decente. Me disse que teve de comprar uma roda nova porque a outra tava zuada. Perguntei quando era e ele não quis dizer. Fomos procurar um bar para tomar umas cervejas e olhar a lua. Eu nem me ligo muito nisso, mas sei que tem gente que pira. Como o Joselito. Disse que não chegou antes pra me ver porque parou numa rua e ficou mais de 10 minutos olhando pro céu. "Adoro lua cheia, sou de Câncer, pô!", me dizia como se eu tivesse obrigação de saber disso. Achei engraçado. Achamos um bar e ele fez questão de sentar uma cadeira donde pudesse mirar a redonda. Realmente estava linda. Depois paramos no porto, para fumar um porro, conversar, ver a lua e namorar um pouco. Pena que foi rápido. Vamos nos ver novamente hoje. No meio da conversa, ele me dizia que uma mulher o conquista pelo estômago. Depois disse que se lembrou muito de mim porque com o arroz que sobrou do dia do strogonoff ele fez um mexido com carne moída e tal...Aposto que pra pagar a roda ele vai me fazer esquentar a pança no fogão de novo. Tudo bem, lá vou eu.

***

Bom, da próxima vez que eu postar já vou estar na casa do Sabonete. Se a gente vai ficar? Se vai rolar algo como pagamento da moradia? Só mesmo esperando pra saber.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

30 dias

Passou rápido, é verdade. Ontem completei 30 dias nessa cidade que já chamo de minha. Minha casa. Sinto como se estivesse ou conhecesse este lugar desde sempre. Nesse tempo eu já:
- Bebi quase todas as noites;
- Beijei e desenrolei um argentino e dois espanhóis;
- Engordei uns 2 quilos, no mínimo;
- Arrumei um trampinho sussa e estou procurando outro;
- Conheci muita gente boa (boa mesmo!);
- Fiz amigos que sinto como se fossem extensão da minha própria persona;
- Leio muito bem e entendo um pouquinho de catalão falado;
- Estou falando espanhol muito melhor do que quando cheguei (e eu nem sabia que falava tão bem);
- Estou negra de tanto sol, meu cabelo está mais claro e bem maior;
- Fui pra praia quase todos os dias;
- Aprendi a fazer compras que duram uma semana, no supermercado e a pesquisar preços;
- Ganhei casa grátis por um mês e uma bicicleta (que me custou um mísero jantar).

E muitas outras coisas. Ontem sim, aconteceu uma coisa muito chata, que poderia ter acabado bem mal, mas como alguém gosta muuuuito de mim lá em cima, tudo correu bem. Parabéns para mim!

Pequeno dicionário espanhol
O que andei aprendendo de interessante:
Boti = botígrafo = caneta
Perrito caliente = sim, é cachorro-quente
Falda = saia
Copa = drink
Príncipe Guillermo = Príncipe William (sim, eles trocaram o nome do príncipe!
Balónvolea = volleyball
Balónpies = futbol
Joder = caralho (e eles usam isso pra tudo, como a gente aí em Sampa)
Hostía puta = joder
Que desfrute = desfrútalo = bom proveito, bom apetite
Porros = cigarro feito de tabaco e haxixe
Piso = casa
Habitación = quarto
Coche = carro
Arto = farto
Coño = o mesmo que caralho
Filipóia = babaca
Flipado = chapado (não necessariamente de drogas)
Ni fu ni fá = mais ou menos
Disco = balada
Follar = dar uma
De puta madre = bom pra caralho!

Acho que é isso. Claro que sei outras coisas e vocês também porque este blog é meu diário virtual. Espero ter tempo para continuar a contar minhas peripécias por aqui. Minha prima Kátia outro dia comentou que minha vida parece uma novela. No fundo é mesmo. E o autor é bom pra caralho!

terça-feira, 15 de julho de 2008

O primeiro strogonoff a gente nunca esquece...

...ainda mais se ele sai perfeito. Este foi o meu pagamento pela bicicleta que ganhei de Joselito. Ia fazer um cuscuz paulista mas acabei desencando quando me deram a idéia do strogonoff. Rápido, fácil e barato. Estel e Joselito ficaram boquiabertos ao ver meu arroz. Me perguntavam que raio eu tinha feito para que os grãos ficassem tão soltinhos. Eu disse que só coloquei paciência porque, final, um bom arroz só precisa disso mesmo (além de óleo, alho e cebola).

Eu já sabia que o jantar seria a três e nem me importei. Adorei ter conhecido a Estel, ela é um encanto. Jantamos juntos e eu ainda ganhei palmas ao final. Eu mereço? Acho que sim, pelo menos eles acharam que sim. Ia comprar um vinho tinto para acompanhar mas nos mercados daqui só vendem uns que eu nem sei se prestam. Pedi pra Joselito comprar e ele trouxe um até que interessante. Como Estel não bebe, nos restou a árdua tarefa de terminar com ela.

Depois de comer, logo Estel foi dormir porque tinha que levantar cedo e nós fomos para cama. A noite era mais fria que de costume, perfeita para ficarmos agarradinhos. Ficamos tanto que quando o despertador acusou as 9h, hora que eu tinha me proposto a levantar e dar as caras na aula de espanhol depois de uma semana, a gente não conseguiu fazer nada a não ser começar tudo de novo. E dormir mais até meio-dia. Aí eu tive de levantar porque tinha compromisso com a Mari.

Cheguei em casa agora mas já estou de saida para ver um outro trampo. Continuem torcendo por mim.

Coisas interessantes que eu deixei de contar
- Um dia a Thany, carioca que mora aqui comigo, me convidou para ir ao bar onde ela trabalha. Ela tava de folga mas queria ir para entregar os mimos que comprou em Ibiza pro povo de lá. Topei, achando que o Simone estaria lá. Mas não estava. Como ambas gostamos pouco de falar, entramos no busão e só quase uma hora depois é que nos demos conta de ter tomado a linha errada. No meio do caminho, enquanto papeávamos, um rapaz ao nosso lado vez ou outra sorria. Algum tempo depois, quando um dos passageiros chamou o condutor de "fill de puta" (filho da puta em catalão) por conta de uma freada brusca, ele começou a falar em português. A nossa cara foi quase no chão. Imagina! O cara foi o caminho todo ouvindo a nossa conversa e não falou nada. No final trocou uma idéia com a gente, dizendo que era do interior de São Paulo, desejando boa sorte na noitada. Thany e eu rachamos de rir, de tudo. Ainda tentamos tomar o ônibus contrário, mas como era tarde demais fomos de táxi. Na volta, pegamos uma tranvia...errada. Subimos num ponto e descemos no seguinte, que era o final. Acabamos voltando de táxi para evitar mais equívocos. Dois por noite já são suficientes.

***
Domingo, quando eu estava indo para a praia distribuir os flyers, um moreno me abordou no metrô, perguntando-me qual a melhor praia para ir. Eu disse que pra mim era Bogatell. Entramos no metrô e algum tempo depois vem ele de novo perguntando se podia entregar flyers comigo porque estava sozinho e queria me ajudar. Deixei, né. Quando cheguei com esse cara, as outras meninas promoters não entenderam nada. Contei o acontecido e o cara (americano, chamado Ma...alguma coisa que não entendi) acabou sendo o mais empolgado na distribuição. Até que era gatinho, mas morenos...definitivamente...não são a minha praia.

***
A Fernanda, uma amiga minha do Brasil que tá morando em Londres vai vir pra Barcelona dia 31 agora. Disse que é pra eu mostrar tudo pra ela, que a gente vai ferver. Mal sabe ela que eu já to aqui em ebulição desde que cheguei.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Replay e outras cositas mas

A noite de sábado chegou. Era hora de, finalmente, depois de tanto trabalho, abrir o bar do Lúcio. E bem na hora que eu terminei de me arrumar todinha, botar perfume, flor no cabelo e um salto discreto o mundo desaba. Chovia. E muito. Confesso que cheguei a pensar em não ir, mas depois de ter ficado dois dias ralando o tchan para ajudar eu merecia participar da festa. Então eu fui.

Primeiro peguei o busão no sentido errado porque quando tava embarcando meu irmão me ligou e fiquei conversando com ele e nem me dei conta. Normal, não é a primeira e nem a última vez que isso acontece. Mas valeu a pena. Adoro falar com o Luis. A gente já teve nossos altos e baixos, deixamos de nos falar um tempo, já fomos companheiros de balada, de dança, tanta coisa. Saber que ele está bem, ouvir sua voz, foi um dos melhores presentes para mim nestes dias. Bom demais.

Desci do busão e o mundo ainda teimava em desmorronar sobre a minha cabeça. E nada do catso do busão passar. Resolvi tomar um táxi e fui andando. Acabei caindo no metrô, puta sorte. Quando desci na estação próxima ao bar nenhuma gota mais caia do céu. A noite ia começar.

Saí de casa me sentindo uma rainha. Fazia muito que não me arrumava e me sentia verdadeiramente bonita. Comprei um vestidinho bem fresco de flor só para a festa. E assim que a primeira pessoa botou os olhos em mim no recinto eu vi o resultado: ouvi "como estás guapa, Kele!" um par de vezes noite afora. Pude ver o resultado do nosso esforço: o bar tava lindo, com uma iluminação super aconhegante (o Lúcio usou também algumas velinhas para ajudar). Agora vamos brindar! E dá-lhe canha (chopp se chama assim aqui)! E dá-lhe chupito de whisky! E dá-lhe porros.

Joselito e eu mantivemos uma certa distância durante boa parte da noite. Achei melhor não ficar de pegação na frente dos amigos para evitar comentários. Mas isso só até o terceiro chupito. Aí entramos numa troca de olhares tão intensa que o chefe dele, que também estava na festa, disse que ia sair de perto porque aqueles olhares o estavam fuzilando.

Já eram 3 e tanta quando saímos. Ele e eu, de braços dados até a base de trixis para ele pegar a bici. De lá, o roteiro seguiu o mesmo da noite anterior: uma bici de aluguel pra mim e nós dois seguindo para Vallcarca. Tive de tirar os saltos e o vestido não cobria exatamente todas as partes necessárias mas...aquela hora...que é que estava se importando?

Tenho de dizer que esta noite conseguiu ser melhor que a anterior. Ainda tive direito a luz de velas e trilha sonora, já que a companheira de piso dele não estava e pudemos ficar um pouco mais à vontade. Foi quase mágico.

Domingo eu começava o trampo dos flyers e ele tb tinha que trabalhar. Levantamos, ele fez café de novo e nos colocamos a caminhar. Despedimo-nos no metrô. Voltei pra casa, me troquei e fui pra praia distribuir as paradas. Foi bem sussa e o resultado até que foi interessante. Depois dou mais detalhes. Passei pela base para vê-lo, já que não passaríamos a noite juntos pois eu tinha que ir na balada dos flyer, o cara que me contratou fazia questão da presença das promoters. Nem nos beijamos, havia muita gente por perto, mas até que deu vontade.

Ontem, quando tava indo pra balada, mandei uma msg perguntando o que ele preferia: carne ou frango? Ao que ele me respondeu: "Me gusta todo, tengo buena boca. Decides tu que eres la cocinera. Preferiria tenerte esta noche como entrante y dormir y dormir. Besos y besos." Tradução: "Gosto de tudo, tenho boa boca. Escolhe você que é a cozinheira. Preferiria ter-la esta noite como entrada (primeiro prato) e dormir e dormir". Quando li isto dentro do metro comecei a rir sozinha, que nem boba. Mas é que estou um pouco mesmo com isso tudo. Não, não estou apaixonada. Com Jose eu gosto do contexto todo, não apenas de uma parte em especial. Porque dormir é bom e acordar também.

Uma pequena explicação
Hoje ele está de folga e vou lá fazer o jantar como forma de pagamento da minha bicicleta. Resolvi fazer strogonoff de frango e de sobremesa um gelado de abacaxi. Tudo fácil e gostoso que nem a gente.

Logo menos tô saindo pra Vallcarca. Só volto amanhã.

Alguns adendos
Consegui esse trampo dos flyers com uma amiga brasileira, chamada Mari. A mina é muito gente fina. Nos conhecemos na escola de espanhol, quando eu ainda freqüentava as aulas (mentirinha, pretendo voltar a ir amanhã). Engraçado é que a gente fazia quase os mesmos roteiros de balada em SP e nunca se trombou por lá. Acho que não era hora mesmo. Depois de distribuir os flyers a gente foi tomar uma no Princesa 23, o chiringuito que quase me contratou não fosse eu não ter os benditos papéis. Ok, eu confesso: a gente foi lá pra ver o fofo do Antonello e os demais camareros, tão gatos quanto. Não só o vimos como a Mari ainda teve a brilhante idéia de colocar uns convites na minha mão para eu o convidá-lo. Ele disse que iria pra me ver. Mas não foi.

Nas duas vezes que voltei da balada de táxi peguei motoristas muito interessantes. O de quinta era espanhol, um gato. Viemos conversando e quando eu disse que morava com outras 3 brasileiras o cara quase teve um colapso. Disse que era o sonho dele. Aí eu não resisti e disse que era pra ele ter calma, que afinal de contas já é suficientemente difícil dar conta de uma só, que dirá de 3. Ele falou que era uma broma, um modo de dizer. E a corrida, que tinha dado quase 9 euros, me custou só 6. Já o motorista de ontem queria deixar um currículo para o caso de eu querer um novio espanhol. Eu mereço...

sábado, 12 de julho de 2008

Pasa, pasa! Vamos a Vallcarca!

Às vezes acho que vivendo aqui em Barcelona eu nunca vou conseguir dormir uma noite para descansar de fato. Todo noite bebendo até tarde (e a cada noite esse horário se extende mais), algumas vezes levantando cedo para aula ou para procurar trampo. Mas sinceramente isso não é nada, comparada com a vida que tinha em Sampa, tá tudo meio igual. Portanto nem tenho do que reclamar.

Ontem fui ver um trampo de camarera. O cara me ofereceu 850 euros para trabalhar 6 vezes por semana. Até aí tava razoável, até que ele me disse que sábado eu teria que trabalhar 11 horas e domingo mais 9. Aí eu broxei. Por hora, vou levar só o trampo de promoter de balada, distribuindo flyer na praia, 3 vezes por semana, 3 horinhas só. Vou mandando cv pra ver se pinta algo que eu possa conciliar. Afinal, além de trabalhar super pouco e ganhar uma graninha, ainda tenho passe livre na balada e direito a bebida. Ou seja: tá pra mim.

Depois de resolver essa pendência, fui ver se o Lucio precisava de uma mão no bar. Ele não precisava de uma, mas de uma dúzia. Um monte de coisas por fazer ainda e o sócio dele meio perdido. Pois chamei o trampo de meu e me joguei. Ficamos das 6 da tarde até a uma da manhã ralando, mas quase acabamos tudo. O bom é que ajudando ele no bar eu posso beber tudo o que quiser. Claro que não fico explorando, enchendo a cara, mas umas brejinhas nesse calor insano que faz aqui são sempre bem-vindas.

Lá pela meia-noite chegaram Joselito, Cillian, Geral, Jorgi, Carolina e mais alguns italianos. Tomamos uns chopps e fomos para Santa Maria Del Mar. Fumamos uns porros, bebemos mais cerveja e Joselito ia me acompanhar até em casa. Ia.

Só para explicar
O cachorro a que me referia no post anterior é ele mesmo, porque o rapaz tem mania de me morder e por conta dos roxos que ainda tenho no braço e no ombro.

No começo da volta para casa, ele arrumou uma bicicleta pra mim e perguntou que horas eu tinha que voltar. Disse eu que não tinha hora. E que muito menos precisava necessariamente voltar pra casa. Aí ele me convidou pra fazer um tour de bike. Achei ótimo no começo. Mas depois foi sacanagem. Eu numa bike de passeio, me fodendo nas ladeiras e ele numa puta montain bike. Falei que tava cansada e que queria voltar. Foi quando ele parou no meio do caminho, ficou me olhando e perguntou: "voltar pra onde?". E eu: "pra casa, oras!" A cara que ele fez depois eu devia ter fotografado. Ele estava totalmente estupefato. Na verdade eu que dei uma de Bob Esponja...Com a deixa de "não necessariamente tenho que voltar" ele logo pensou que eu tinha me referido a ir a casa dele. Pode ser que tenha pensando isso na hora. Mas nem tava a fim.

"Pasa, pasa!", ele repetia quando o semáforo abria, para que eu não tivesse medo, que não vinha carro. E eu: "pasa, pasa! Vamos a Vallcarca" (bairro onde ele mora). Então nós fomos. E ele foi um fofo. Já fui logo tomar um banho porque tava uma cola só depois de tanto trabalho no bar e do rolê de bici. Depois fui pra cama dele. Mas esta era muito barulhenta. Mudamos para as camas da sala, bem mais frescas e silenciosas (afinal, a sala era montada por dois colchões de casal atulhados de almofadas coloridas e outras tantas coisas indianas). Desejamos boa noite um ao outro e dormimos. Mentira. A gente ficou uns minutos sem se mexer mas aí é foda...Eu já tava querendo e rolou. Foi incrível! Tudo. E melhor ainda quando despertamos e ele preparou café da manhã pra gente.

Era hora de ele trabalhar e eu voltar ao bar para dar o último tapa no bar. E agora cá estou, prestes a me arrumar pra festa. Chove, chove muito. Nem sei como vou fazer pra chegar lá. Desejem-me sorte.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Parc Güell, Monjüic e um cachorro

A esta hora, se as coisas tivessem saído conforme o planejado, desejado e esperado, eu deveria estar tomando sol no belo mar da Costa Brava mas...como já pude perceber, quando o assunto é Sabonete eu não posso me fiar tanto na palavra dele. E aí, como você já pôde perceber, eu não estou tomando sol na Costa Brava. Longe disto. Passei a maior parte do dia andando para ver onde poderia deixar currículos. É, pessoal, hora de procurar algo pra fazer porque ficar nessa vida de cervejada toda noite não vai me levar muito longe (no máximo de volta pro Brasil...credo! Isola! Bate na madeira!!!).

Depois daquela noite no mínimo "estranha" de sábado, os dias que se seguiram foram muito bons para mim. Na segunda, finalmente, fui conhecer o Parc Güell, uma das grandes obras de Antoní Gaudí. Na verdade eu nem tinha planos, eu estava mesmo era a fim de ir ver um filme ao ar livre no Castelo de Monjüic, nunca tinha ido e apareceu um convite na escola de espanhol. Mandei uma msg para Joselito e este, de folga, ao me responder, disse que não só gostaria de ir comigo como também me convidava para ir tirar a famosa foto ao lado do lagarto. Topei na hora.

Passamos algumas horas no parque, tirando fotos e rindo à beça. Como esse cara é engraçado! E não é forçado, é dele. Ele tem cara de cômico. De lá passamos no mercado, compramos umas coisas pra levar pro cine e fomos até a casa dele. Tive oportunidade de conhecer a Estel, companheira de piso do palhaço, uma fofa. Conversa vai, conversa vem, fui prar no quintal e vi...pairando sobre a minha cabeça...umas tantas bicicletasa. Brinquei, dizendo que eu ainda estava precisando de uma (afinal a do Sabonete tava de rosca e o Lucio é que tá de rosca com o bar pra poder pensar em arrumar aquela que me prometeu). Pois Joselito não só disse que sim, como já pegou uma, olhou o que tava faltando, pediu para eu comprar cabos de freio e me tranqüilizou dizendo que ele era mecânico e que a bici ia ficar nova em folha. Assim é que eu gosto, atitude!

Levamos cerveja, a salada que o Joselito fez (que estava divina), fruta, água e mantas. Como o lugar é alto, faz um pouco de frio. Mas um frio gostosinho...perfeito pra gente ficar agarradinho com alguém. E não é que eu fiquei assim com o Joselito? Calma, calma, nada de pegação. Só nos encostamos mais para ajudar a passar o frio. Pagamos 4 euros, com direito a um showzinho antes do filme, o filme em si e uma esteira emprestada para não sentarmos diretamente na relva. Perfeito. As fotos estão no orkut pra quem quiser ver.

Na saída ainda esqueci a bolsa com tudo dentro lá no campo. Voltei correndo e felizmente a polícia tinha encontrado e estava me esperando com ela. Ufa! Que susto da porra! Cabeça de vento...

Na terça resolvi sair do ócio e literalmente ir atrás de um trampo. Imprimi uns cvs pela manhã e fui aos chiringuitos (os bares de praia). Claro que como não tenho papéis, se quero trabalhar de garçonete, vai ter que ser nesses lugares. Mas os bares de praia daqui são um evento a parte porque só trabalha gringo gato. Juro, não sei de onde saiu tanta gente bonita pra trabalhar ali. Até que fui bem recebida em todos. Já no segundo um cara quis que eu fizesse um teste pra lavar louça e lá fui eu. Afinal, trabalho é trabalho e eu não tô muito em condição de escolher. Ficou de ligar e estou esperando. Num outro, um italiano gatíssimo ia me contratar na hora. Disse que tinha gente de toda parte do mundo e que ainda não tinha uma brasileira...que adorou meu sorriso, que eu ia atrair muitos turistas...mas quando eu disse que não tinha papéis o cara broxou. Sem brincadeira. Parece que ele lamentava mais que eu. Ficou de pensar e me ligar depois. Tô torcendo. Trabalhar ali, rodeada de gatos, sinceramente era o trampo dos meus sonhos. Segui nessa movida até o fim da tarde, depois fui beber com meus amiguinhos de sempre. Fomos comer algo (Joselito, Gabriel e eu) num restaurante africano. Nada demais, mas é gostoso e bem barato.

Ontem foi que o bicho pegou.

Uma breve retrospectiva
Na pressa de vir embora no domingo eu nem lembrei de pegar meu relógio, um brinco e uma pulseira. Ficou tudo na casa do Geral. Só lembrei na terça-feira. Quando passei na base ele não estava, o que, confesso, foi um alívio porque eu não queria de fato vê-lo. Mas ontem ele estava. Esperou que todos saíssem e me disse que ia trazer as coisas para a base pra eu poder levá-las. Achei ótimo.

Outra breve retrospectiva
No noite do cine, como havia passado o dia todo com Joselito, estávamos muito à vontade um com o outro. Fazendo palhaçada, brincadeiras de duplo sentido e tal. Até que ele começou a me morder e ao final me deu uma no braço que tá tudo preto. Juro. Parece que me deram uma surra danada. Dói só de pensar. Acho que em mais uns 4 dias me livro desta. Da outra acho que me livro antes.

Ontem fui distribuir mais cvs pelo Born e pelo Barri Gótico. Não tive tanta sorte, mas entreguei alguns. Depois fui até a Catedral e Joselito me levou, finalmente, para dar um passeio de trixi (dá pra acreditar que mesmo conhecendo todos os caras, desde que cheguei nunca tinha feito um passeio de verdade num desses? Convite não faltou, mas achava meio foda andar e depois eles não me cobrarem...mas ao final aceitei). E percebi que, mesmo andando dia e noite por aí, sozinha ou acompanhada, eu não conhecia tanta coisa quanto imaginava. Foi uma hora de rolê, com direito a entrar em duas catedrais, visitar colunas do tempo Adriático, uma igreja que sofreu um ataque na Segunda Guerra e onde morreram 42 crianças (a igreja fica ao lado de um antigo orfanato) e outras tantas coisinhas mais. Foi perfeito. O preço: Joselito disse que teríamos de chegar a um acordo sobre a forma de pagamento. Com a criatividade que tenho eu já passei em várias formas. Só que ele, com certeza, quando disse isso, já sabia exatamente o que isso ia me custar.

Se interessa saber não. Joselito não é bonito. Nada. Mas é um cara incrível. Divertido, inteligente, descolado. Por onde ele passa e vê criança ele pára e troca idéia com elas ou as diverte de alguma forma. Só anda de canga e sem cueca (!!!). Enfim, ele é assim, como posso dizer, inusitado.

Depois dessa odisséia passei pela base para dar os cabos de freio para a minha bici e ele me ofereceu uma para ir para casa. Não entendi nada até ver ele com um cartão dessas bicis que se aluga na hora, na rua. Pegou uma pra mim porque a dele é uma fudida, de corrida. E lá fomos nós para minha casa. Não, mentira. A gente até chegou aqui, mas não entrou. Resolvemos tomar uma (e que tinha jurado pra mim mesma que não ia tomar nada) num canto muito curioso que tem aqui do lado de casa (pra você ver como eu não conheço nada, o lugar é meio que um point de artistas porque tem ao lado uma sala pornô e em frente um teatro muito famoso. Assim é a minha vizinhança e eu nem tinha me dado conta.

Tomamos algumas brejas, ele comeu e quando eu fui pagar a conta perdemos a mesa. Era na terraça e o chino filho da puta que estava nos atendendo deixou outras pessoas sentarem mesmo com a mochila do Joselito no chão. Tudo bem, dizia ele. Atravessamos uma rua e sentamos no bar do lado. Tomamos mais algumas, fizemos mais algumas bromas (palhaçadas) e pronto. A gente se beijou. E não foi só isso. Depois de nos beijarmos avidamente na terraça, teoricamente eu tinha que entrar, era tarde e eu queria ir pra aula no dia seguinte. Mas não. Ficamos ainda quase 2 horas na porta do prédio num amasso nervoso. Certamente alguém viu a bunda dele de fora porque a canga não parava quieta. Confesso que o falta de beleza sobra em outros quesitos. Outro resultado da pegação é um outro roxinho no ombro. Mas felizmente bem suave. Por fim entrei em casa, às 4 da manhã, toda descabelada (mais do que de costume). Nem fui pra aula. Aproveitei que acordei tarde e fui tentar levar mais currículos. Acabei sendo convidada por uma mina pra trabalhar distribuindo flyer de balada na praia. Serão 3 horas por dia, 3 x por semana e a grana até que é boa. Vou me jogar nisso enquanto não encontro nada melhor.

Mais tarde vou até a balada para conhecer o dono. Antes tem um churrasco (ou barbacoa, como eles dizem aqui) na casa do Davi, um dos trixistas. Não sei se vou. Queria mas...de novo aparecer de mãozinha dada no meio da turma talvez não pegue bem. Mas de toda forma eles largam o trampo às 9 e a balada é só meia-noite. Ainda me sobram algumas horas para fazer o que eu quiser. Acompanhada, claro.

domingo, 6 de julho de 2008

Noite dura

Domingão aí, sol bombando, calor, a cidade cheia, um monte de coisas para se fazer (como aproveitar o primeiro domingo de liquidação - aqui chamam de rebajas) e eu aqui, sonada, cansada, até um tanto irritada, e tudo isso por não ter conseguido pregar os olhos a noite toda. Consegui cochilar um pouco depois das 8h, mas nem de longe deu para descansar decentemente.

O que aconteceu? Bom, mais uma vez eu fui encontrar meu grupo de alcóolatras. Uma das coisas boas é que finalmente reencontrei o Sabonete. Ficamos um tempo conversando sozinhos e foi bem bom. Pediu-me desculpas por não ter respondido meus torpedos, alegando que estava 3 dias de folga com os amigos na Costa Brava (aliááááás, se tudo der certo vamos nós e mais quem quiser na quinta. Eu não conheço, mas dizem que é um lugar lindo, que as praias são maravilhosas). Respondi que tudo bem, afinal de contas a gente sabe onde se encontrar. Começamos o papo com ele tomando uma Moritz, me oferecendo outra e eu recusando. Dizia que ia terminar só aquela e depois ia embora porque estava muito cansado. Realmente, ser trixista não é nada fácil. São mais de 8 horas pedalando, debaixo do sol, para cima e para baixo o tempo todo conversando com os turistas, falando em diversos idiomas...Tem que ser muito macho pra encarar. Enfim, o resultado foi que, como a conversa tava boa, ele não só terminou aquela como tomou mais duas, e eu acabei acompanhando, claro. Depois foi chegando mais gente e entre eles o Geral.

Confesso que me deu um frio na espinha olhar o Eduardo e pensar que ele podia saber que eu havia ficaco com o Geral. Senti, por um momento, que talvez não tivesse feito um bom negócio. Mas ele não sabe, certeza. E de toda forma, nada é definitivo, foram só uns beijos. Pelo menos até aí. Olhando mais atentamente para o Eduardo, lembrei porque eu fiquei tão encantada por ele: a culpa é daqueles olhos que sempre sorriem para mim.

Papo vai, papo vem, ele se despediu me dando dois ou três abraços demorados, vários beijos e Geral olhando sem dizer palavra. E se foi. Os que restaram, incluindo Geral, e eu fomos tomar mais algumas, afinal era sábado (como se eu precisasse desse tipo de desculpa). Tomamos e depois...bem, eu tinha duas opções: voltar para casa e ficar aqui sozinha (nem falei nada de fazer festa porque os meninos que eu mais gosto de ter por perto já tinham ido embora) ou completar algo que ficou pendente de outra noite.

E foi justamente por escolher a opção dois que não preguei o olho essa noite. No começo tava uma delícia, aquele tesão gostoso, a curiosidade de saber o que a gente vai encontrar, como vai ser. A vontade tava ali, dava até para tocar. Só faltava ir em frente. E fomos. As primeiras duas horas foram incríveis, a gente até que se entendeu bem, mas depois...Começou a bater um cansaço, misturado com a cerveja e o calor, eu só queria dormir um pouco. Mas quem disse que eu pude? Ou era ele o tempo todo em cima de mim, tentando recomeçar donde paramos, ou eram os pernilongos assassinos que lotaram o quarto, ou era o calor...Ó céus, que martírio! Na verdade eu dei uma desencanada porque ele só tinha duas camisinhas e já tínhamos utilizado as duas. Se eu desse trela, óbvio que ele ia querer fazer sem e eu tô LITERALMENTE fora. Não dá, sem chance. O jeito foi ficar a noite toda me coçando ou empurrando ele pro outro lado da cama.

Vida dura essa minha! Levantei às 11:25h, me troquei e sentei na cama para conversar com ele. Disse que não durmi nada porque ele foi muito insistente e que foi por esse motivo, justamente esse, que eu não havia aceitado os convites anteriores para ir à casa dele. Porque eu sabia que estando lá eu não teria sossego. Tenho 27 anos e nesse tempo aprendi muita coisa. Como por exemplo que homem é homem, não importa se é teu amigo, teu ex, teu atual. Não importa. Ele pode te jurar de pé junto que vocês só vão dormir, que ele vai respeitar tua vontade mas no final é sempre a mesma coisa: ele vai tentar, tentar e tentar até conseguir fazer você mudar de idéia. Ou te deixar emputecida como foi meio que o meu caso.

O saldo não foi positivo mas também não foi negativo. Agora já tenho uma vaga idéia de como pode ser um espanhol na cama. Claro que não posso julgar o todo por um, mas pelo menos matei a curiosidade. Áté que é bom, viu? Carinhoso, calmo, sensual...Vale a pena. Só não pense que vai dormir depois porque, provavelmente, você não vai.

E o Eduardo? Ah, nem sei...ainda tenho o convite pra Costa Brava e...não vou perder o passeio por nada.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Exceção em grande estilo

Vejamos onde eu parei. Ah! O beijo do Bonete, claro. Esperei as próximas cenas e, terei de confessar, nada se passou. Nada mesmo. Depois daquela cena inesperada em frente da Catedral de Santa Maria del Mar (meu endereço mais habitual nessas últimas noites), nenhuma novidade deste lado do front. Pelo menos ao que se refere ao seu Sabonete.

Informações interessantes
- Se você estiver em uma rua vai perceber que cada lado dela tem uma lógica própria. Você pode estar no número 50 de um lado e no número 15 do outro.
- Ainda não me acostumei com essa educação daqui, de que os carros param quando a gente põe o pé na rua. Não são todos os carros, claro, e isso também não acontece em todas as ruas. Mas na calle donde vivo é normal. Nas primeiras vezes ficava aquele impasse, eu pensando se devia passar ou não. Depois os motoristas começaram a fazer sinal de "vai minha filha" com a mão para eu ir adiante. Agora eu tô tentando dar o primeiro passo sem precisar que ninguém me peça.
- Faz muito calor. Também, é verão. Mas na maioria dos dias podemos contar com uma brisa que vem do mar que ajuda a suportar as horas mais quentes. O duro é quando chove...abafa tudo e a sensação que se tem é de que jogaram um litro de mel em cima da gente. Sim, a gente fica todo melado.

Ainda não estou trabalhando, então o que me resta é ir às aulas, descansar um pouco durante a tarde, ler e beber. Eu juro que tento, mas estou rodeada de alcóolatras. E com esse calor, resistir à uma cerveja é coisa pra santo. Felizmente estou bem longe disto.

Consegui comprar um livro em português. Aqui são poucas as livrarias que os oferecem e a oferta é beeeem escassa. Acabei comprando um do Saramago, chamado "As Pequenas Memórias". Comecei a ler e, numa noite tresloucadas dessa, diz a lenda que eu pedi pro Lucio para ler o livro que ele tinha nas mãos. Acordei na manhã seguinte sem saber como "Catedral del Mar" tinha vindo parar no meu quarto, até que ele me contou. Então estou fazendo isso: leio um pouco Saramago e leio um pouco em espanhol. E comecei logo com um best seller daqui. Mato dois coelhos com uma cajadada só. E, como diria, Xavi, isto é "de puta madre".

Ainda continuo passando para ver meus amigos trixistas todas as noites e isto me resulta em três coisas: sono brabo durante as aulas, cervejadas e arquivamento da idéia de regime. Mas também resulta em muito riso, aprendizado de espanhol maciço e, ontem, em alguma coisa mais.

Passei para ver como estavam as obras no bar do Lucio. Tá ficando bonito! Vai inaugurar no próximo sábado (não vai dar tempo de inaugurar neste, como era a idéia, ainda tem muita coisa para terminar). Estou anciosa porque, além de gostar dele de montão também vejo aí uma oportunidade de trabalho. Quando cheguei ele e o pintor estavam com uma cara de fome de dar pena. Acabei saindo de novo e indo comprar bocadillos para eles. Comeram como se fosse um manjar dos deuses e me perguntaram quando era. Nunca que eu ia ter coragem de cobrar, imagina. Quando posso tenho um prazer tremendo em ajudar a quem eu quero bem. De lá fomos tomar um café e depois passamos pela base dos trixis. Aquilo estava fervendo!

Depois fomos comer porque já era mais de 10 da noite e eu tinha comido por volta das 3 da tarde. Logo depois Geral e Joselito chegaram e fomos tomar mais algumas em Santa Maria del Mar. Eis que no caminho...

Pequeno flashback
Na noite da final da Eurocopa, antes do Sabonete vir com graça e me beijar, senti que alguém naquela turma me olhava de uma forma diferente. Mas vai saber, né? Cada pessoa tem um jeito de olhar as outras, normal. Tá, tá...a verdade é que eu achei mesmo que ele tava querendo algo mais mas, como eu estava toda Sabonete, achei que ele não tentou nada por causa disso. Enfim...Ontem essa mesma pessoa continuou me olhando, só que durante mais tempo e me deixando até sem graça. Seu nome é Geral. E aí, no meio do caminho....


...conversando animadamente com ele sobre coisas do Brasil e das viagens que ele já fez pela América do Sul ele veio vindo...., a turma se afastando...ele vindo mais, mais e antes que ele fizesse o que ansiava... eu dei um corte. Ai desculpa gente, mas eu tinha que falar alguma coisa. Sei lá, me deu uma ânsia de botar umas coisas pra fora. Tive que colocar o eu braço na altura do peito dele senão não ia poder falar nem mais um "a".

Já rindo (efeito das outras cervejas todas), eu disse que estava achando estranho ele chegar daquela forma, como ia dizer, tão assertiva sobre mim, já que tava cansada de ouvir dizer que os espanhóis são distantes, que é a mulherada que tem que atacar senão o desejo de ambos morre na praia...Foi aí que ele deu uma muchada. Disse que é verdade e ainda complementou dizendo que catalães são ainda mais frios. Oh, shit! Que foi que eu fiz??? Mas esse pensamento nada se desenvolveu. Na seqüência ele estufou o peito de novo e soltou: "só que felizmente toda regra tem uma exceção". Pronto, me beijou. E não foi um selinho como aquele floco do Sabonete, não. Foi um beijão de língua, daqueles de cinema, com direito a uma encoxadinha e uma prenssada de leve na parede. A-D-O-R-E-I. Sem falar que ele disse que havia dias que tinha "ganas de me besar asi" ao que eu respondi que saquei desde o dia do jogo. Gostei do beijo, da atitude e porque, que toda a verdade seja dita, com tanta indecisão acerca do outro, é legal saber que você ainda pode provocar reações assim.

E quem disse que a gente lembrava para onde todos tinham ido? Tive que ligar pro Lucio, que não perdeu a chance de tiar um pêlo de mim, perguntando se o Geral tava comigo porque todo mundo havia combinado na frente dele para onde iríamos. Nos colocamos à caminho e no trajeto, pensei e perguntei se iríamos chegar já escancarando tudo. Tinha receio de muita coisa. Do que eles iriam pensar, se isso poderia me prejudicar de alguma forma, se isso não me custaria um mês de casa grátis por aqui. Mas aí, quando vi, a gente já tinha chegado, de mão dada e tudo e a merda (ou a não-merda) toda estava feita.

Ficamos ainda umas duas horas charlando e bebendo até que eu olhei pro relégio e vi que o ponteiro tava quase roçando no número 2. Pensei no teste de hoje na escola (que de 29 acertei 24...nada mal), no sono atrasado, no banho que queria tomar...Comecei a acelerar e ele se ofereceu para me levar pra casa. Quanta ingenuidade! Ele não se ofereceu para me levar na minha casa, mas sim para a casa DELE. Confesso que queria, muito. Muito mesmo. Já faz uns dias que não cuido da pele e além do mais ele encontrou vários pontos fracos meus (e bem rápido). Mas tinha muita coisa em jogo e eu botei o pé no freio. Rolou até uma oferta de "desayuno con zumo de naranja y huevos revueltos"(a qual Joselito, que ainda estava conosco, ouviu e disse que muita gente não recusaria o convite nem por um catso). Só que eu não sou todo mundo e era hora de descansar. Ele veio me trazer de táxi e mesmo lá dentro, com o taxista de olho duro na gente, ele não sossegou. Pediu por tudo e por todos para que ficássemos juntos mas eu me mantive firme.

Ficamos de nos ver mais tarde. Não sei ainda se vou passar pela base. Estou com receio de que os trixistas não me vejam mais com os mesmos olhos de antes. Ou então vou e vejo logo que merda que deu. De qualquer forma já valeu a pena saber, nem que seja um pouco, o que que os espanhóis têm. A julgar pela amostra, a coisa é boa, viu?

Uma última palavra sobre ele
Além de olhos de um azul profundo, que fala muito mais por ele do que a própria boca, ele é piloto. Ok, talvez eu deixe ele pilotar esse airbus.