sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Un verdadero follón!

Aproveitei a terça-feira para colocar algumas coisas em ordem. Botei roupas para lavar, limpei meu quarto, dei um tapa nas unhas, fiz compras, cozinhei, conversei um pouco com Alberto - dono do apê onde moro - e li bastante. Resolvi dormir um pouco mais cedo para ver se também melhoro meus horários, para ver se nao saio tao tarde da cama, mas nao rolou. Demorei para pegar no sono, quando consegui tive pesadelos. Ou seja: por enquanto ainda vou continuar levantando quase às 2 da tarde, almoçando depois das 17h e indo dormir por volta das 3h. Y no pasa nada.

Já na quarta-feita resolvi botar a cara para fora. Peguei Isolda e fomos dar uma volta pelo Palau Reial de Pedralbes, uma construçao composta de um parque com muito verde, fontes, e que abriga também o Museo de Ceramica Espanyola, com peças do século XVI em diante. Nao cheguei a entrar no museu, apesar de ser gratuito, porque tinha outras coisas que fazer. E também o Palau tá pertinho de casa, qualquer outro dia é só voltar e ver tudo com calma. Fui até a Zara trocar uma calça que ficou larga (!!!) mas nao encontrei nessa loja. Depois passei na H&M e encontrei um situa perfeito por menos de 7 euros (las rebajas me ponen loca!). E finalmente fui à biblioteca. Peguei 3 livros que estou morta de curiosidade para começar a ler mas antes quero terminar um que Jose me emprestou. Com os 21 dias que a biblioteca te dá para as leituras ainda me sobra tempo.

No final da tarde encontrei Jose na base e de lá fomos a um bar que há tempos ele queria me levar, o La Violeta. A casa, super antigua, antes abrigava na primeira planta um bar e na parte superior um salao de baile. Nao sei bem porque, uma vez o Ajuntamento tentou fechar o prédio e os vizinhos impediram, fecharam as ruas próximas, colaram cartazes e conseguiram que o lugar permanecesse aberto. O detalhe é que estamos falando de feitos que datam de mais de 40 anos... Agora na parte de baixa ainda funciona o bar mas o salao já nao coloca las parejas para bailar. Sentamos aí para conversar e tomar umas geladinhas, claro. Quatro Voll-Damms para mim e 5 para Jose. Ok, já estava de bom tamanho e resolvemos ir para casa. Chegando lá ainda tomei uma Heinecken (ele tb) e fumamos dois porros. Foi o que bastou. Comecei a sentir um mal-estar absurdo. Ele havia posto um filme, Chronos, e eu nem sequer conseguia prestar atençao. Deitei no colchao e ele me perguntando o que eu tinha, se queria ver o filme, se queria tumbarme...Todo preocupado e eu lá, sem saber se queria dormir ou se queria vomitar. Lá foi ele pra cozinha fazer um chá de tila, depois me pegou pela mao e me levou pro banheiro para ver se eu botava o que me fazia mal para fora e nada. Voltei para o chill out e a coisa continuava igual. Deitava nao tava bom, aí sentava e vinha Jose com o edredon para me tapar as costas, dizia que se eu ficasse com o corpo mas calientito ia melhorar...e nada. Finalmente tomei coragem, meti o dedo na goela e pronto! Problema resolvido. Me senti nova imediatamente depois (sinal de que nao foram os porros mas sim algo que comi, com as tantas cervejas, que estava me fazendo mal). Escovei os dentes, me meti na cama com ele e a coisa daí pra frente só melhorou. Depois desse verdadero follón eu tinha mesmo que terminar a noite bem. A gente merecia, pô!

No dia seguinte ele me convidou para almoçar com ele num restaurante uruguaio. Faz séculos que tenho vontade de me meter um rodízio e comer carne até arrebentar mas aqui nao existe. O que existe sao esses restaurantes, argentinos ou uruguaios, que servem menús de meio-dia que têm como segundo prato um corte de carne típico. Lá fomos nós para o La Rueda (uma vez tentamos entrar mas já passavam das 4 e meia da tarde e depois desse horário nem Cristo encontra um restaurante aberto para comer). Pedi de entrada uma salada e de segundo Vacio, recomendaçao de Jose. Valeu a pena, a carne estava super macia, quase nada de gordura, mas nao meu apetite nao estava dos melhores. Nem quis sobremesa. Depois encontramos Miguel (vulgo Mestre dos Magos) e fui com eles ao bar do Antic Teathre. Lembra muito o ambiente do Buttina, em Sao Paulo. Mesas ao ar livre, compartindo espaço com árvores e ambiente legalize. Como nao me sentia muito bem tomei dois chás. Os moços me acompanharam e ficamos bem umas 3 horinhas ali, tomando chá, rindo e fumando (eu só no tabaco, porque depois da última noite...mais me valia evitar os porros por hora).

Uma cena
Em um momento qualquer reparei bem naquela cena: nós 3 sentados ali, naquele ambiente super agradável apesar de ser completamente aberto e estar fazendo frio, conversando tranquilamente. De repente pensei que justamente ali eu era a pessoa que eu sempre havia querido ser. Tranqüila. E pensei que nao havia melhor lugar no mundo que aquele, com aquelas pessoas - principalmente por Jose digo isso, claro está -, tomando chá. O mundo podia ser perfeito se a gente parasse mais para reparar em momentos assim. Tao bonitos de tao simples.

A noite chegou e eu tinha que trabalhar. Ainda me sentia mareada, tanto que passei numa farmácia e comprei uma caixa de Sal de Fruta. Tomei dois e me senti muito melhor. Jose me acompanhou desde casa até quase metade do caminho com a Psinka (perra de Sandra) e eu empurrando a Isolda. Ele sempre me diz coisas muito bonitas, sempre me elogia e tal, mas tem dias que as coisas te tocam mais fundo. Ontem ele me disse que eu era uma pessoa bonita nao só por fora, que quando me chamava de bonita, de guapisima, de preciosisima, nao se referia apenas a meu exterior, mas sim à pessoa que eu era por dentro. Nos despedimos porque eu já começava a me atrasar e eu trabalhei feliz da vida de pensar que tenho uma pessoa tao maravilhosa ao meu lado. Ahora, hay que disfrutar.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Labirinto de Horta

Eu já tinha visto que o dia estava esplendoroso mas quem disse que seu Joselito abria os olhos? O jeito foi pegar um pouco mais pesado e atacar em outras frentes (e fundos). Finalmente desperto, tomamos café-da-manha (às 3 da tarde) e fomos conhecer o Labirinto de Horta. Sim, usei o plural porque apesar de viver há 10 anos em Barcelona Jose também nunca havia entrado para conhecer o lugar. É um labirinto natural, pequeno, ou seja, nao há problema para encontrar as saídas. Depois de nos divertir errando e voltando algumas vezes, paramos ao sol para desfrutar. Que domingao!!! Enquanto nos beijávamos, sentados nas escadas de um monumento, duas pessoas passaram e pediram para tirar foto. Nao do monumento, do casal-maravilha mesmo. Ele achou engraçado e eu o lembrei que no verao isso acontecia a menudo comigo pela cidade.

Quando o sol resolveu se pôr, nós resolvemos que já era hora de ir andando. Sugeri passarmos por Gràcia para dar um passeio, eu nao queria voltar para casa tao cedo, a tarde estava incrível mesmo com o frio apertando. Entramos num bar super bacana onde estava passando uma partida de futebol e começamos a beber. Pedimos umas patatas bravas, depois uns chipirones (lulas super pequenininhas empanadas e fritas, super rico). Conversamos, rimos e enchemos a cara. Muitas cervejas e quase duas partidas de futebol depois resolvemos ir embora. Ainda tínhamos pique para ver um filminho e foi o que fizemos.

Ontem levantamos igualmente tarde mas eu tinha planos: queria comprar equipamentos novos para a Isolda. Já que nao tenho grana para uma bike nova (e de verdade nem quero uma), quero deixar essa como nova. Joselito e eu fomos até a Decatlhon mas, nao sei se é porque estavamos em rebajas, mas os equipamentos para bicicleta estavam super escassos. Total que nao comprei nada e fiquei de procurar em outros lugares. O bom foi que havia comentado há uns dias que ia comprar uma mochila nova e quando a escolhi, Jose nao me deixou pagar e me deu de presente. Ótima idéia.

De tudo a única pena foi nao estar com a máquina para tirar fotos do labirinto mas isso fica de desculpa para voltar lá e aproveitar outro lindo dia de sol.

Obs.: As noites também estao magníficas. A lua-cheia e o céu limpo dao a sensaçao de que voltar para casa cedo é um grande desperdício. E ontem, depois da compra da mochila e das calcinhas (finalmente achei um lugar que vende calcinha com corte brasileiro!), resolvi sentar num bar e tomar uma sozinha. Para relembrar os velhos e bons tempos de malandragem paulistana.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Mais dois adeus

Quarta-feira o celular nos desperta bem cedinho, tao cedinho que o sol ainda estava se levantando. Saímos de casa em jejum para nao nos atrasarmos, afinal Joselito tinha que estar na base às 9h para receber os trixis que chegavam de uma promoçao em outra cidade. Pois que deu as 9h, 9:15h, 9:30h...e nada. Depois de ligar para o contato na outra cidade, Joselito descobre que eles vao sair de lá só às 10h. Me cago en la puta! Sair da cama tao cedo, no frio que estava fazendo e em jejum para nada é pra fuder o cu com a pedra. Mas tudo bem... Aproveitamos para tomar um bom café com leite (e eu mandei também um xuxo de crema, lembra muito o nosso sonho de padoca) e depois ir à biblioteca pois eu tinha 3 livros para devolver (com tanto tempo livre, aproveitei para mergulhar na leitura e, ao todo, li 13 livros em 6 meses...e até agora já li 2 e comecei outros 2 geniais!). De volta à base, fumamos um porrito e foi o tempo do caminhao chegar. Marcos também havia chegado e resolveu dar uma força. Eu também fiz minha parte e passei por uma experiência que há tempos ansiava: guiei um trixi!!! Tudo bem que o trajeto nao contava mais que 300 metros mas já tava de ótimo tamanho. Sempre tive vontade mas tinha vergonha, medo de estropear a parada fazendo alguma cagada. E eis que este dia era perfeito porque só estávamos nós 3 (Joselito, Marcos e eu) e portanto qualquer problema seria controlado nao por um, mas por dois dos melhores trixistas. Confesso que gostei, gostei muito. Imaginei como seria trabalhar nisso o dia todo, como eles, no verao...Ah, se eu tivesse papéis...

Tudo organizado fomos para casa de Txisti. Era o dia da mudança e como eu nao tinha para fazer nada além de coçar a tetas fui dar uma maozinha. Sabia que nao ia ser fácil porque o cara morava no quarto andar de um prédio super antigo. O que é o mesmo que dizer que nao contaríamos com elevador e as escadas eram super estreitas. Ao todo éramos 7 pessoas e demoramos 3 horas para descer tudo. Trabalho terminado fomos comer todos juntos. Txisti queria pagar o almoço pra todos mas achei mancada, ainda mais porque ele tinha alguns aluguéis atrasados e tal. Deixamos ele pagar o almoço da Máite e da Laura e cada um se encarregou do seu próprio.

Antes de subir na furgoneta, ele me abraçou e me agradeceu, pela ajuda com a mudança e por ser quem eu sou. Acho que foi um elogio, né? Fiquei feliz por ele, afinal ele se muda para se casar. Mas também me senti um pouco mais sozinha. Txisti já era como da família. A pequena família que construí aqui. Ele se foi mas já está me esperando para uma visita que, creio eu, nao vai demorar mais de 15 dias para acontecer. E assim, ele se foi.

Na quinta-feira outra baixa na cidade: a Fefâ foi embora. Liguei para ela pois queria dar-lhe um abraço, mas nao teve como. O tempo que era tao largo de repente ficou tao curto e entao ela também se foi, deixando mais saudade.

O que me restava? Pois ler, cuidar de mim, trabalhar, tocar a vida que nao parou nenhum segundo sequer enquanto isto tudo acontecia. Foi o que fiz hoje o dia todo. Logo mais Joselito chega. Logo mais tenho que ir trabalhar. Depois irei tomar umas copitas na Sala BKN. Vida que segue.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A virada

Já haviam me falado que aqui na Europa as pessoas nao têm muito o costume de celebrar estas festas de final de ano, como nós, brasileiros, porque é inverno, faz muito frio, entao a galera prefere ficar em casa, sem muito alvoroço. O Natal foi mesmo tranqüilo e eu nao esperava muito do Ano Novo. Ainda mais porque teria que trabalhar. Comecei o dia indo à clínica para extrair os óvulos. Joselito foi me buscar, felizmente ele tinha dia livre entao pude contar com ele. Da clínica fomos para Vallcarca, com ele me mimando durante todo o caminho. Depois de duas horas pude comer e logo dormi uma boa parte da tarde por conta da sonolência da anestesia. Acordei, botei uma roupitcha que havia comprado e fomos para a casa de Txisti. A idéia era jantarmos e esperarmos alguns outros trixistas para escutar as 12 campanadas da virada e comer as 12 uvas. O jantar estava uma delícia, de entrada experimentamos os croassaines rellenos que Jose havia feito (com camarao, kani, alface, catchup e maionese que estavam dos deuses) e tomamos vinho. Como nao podia beber muito, tomei um copo de vinho e alguns tragos de cerveja. Quando deu meia-noite Joselito e eu nos beijamos e nos desejamos felicidades (sim, ela é sempre bem-vinda por mais que a gente ache que a coisa já tá boa como está). Depois saludei a Txisti, Lucio e Monica que também estavam jantando conosco. Terminei de comer e fui trabalhar.

Cheguei um pouco atrasada porque o ônibus nao passava nunca. Pelas ruas por onde o busao passou estava tudo muito tranqüilo (nem a Plaça Catalunya, que é meio que um point de tudo tava cheia). Tinha, sim, muito lixo pela rua, mas nada de muvucas nem aglomeraçoes. Trabalhei até as 4 e pouco e voltei para casa de Txisti onde Jose continuava colocando música (esqueci de dizer que ele estava de Dj da nossa festinha). Lá estavam Marcos, a namorada dele e a irma dela. Karmelo também deu as caras e só. Lucio e Monica já tinham ido embora quando cheguei. Resolvi que já que tinha trabalhado enquanto eles fumavam e se emborrachaban eu merecia tomar umas. Mandei ver nas cervejinhas e quando me dei conta já havia amanhecido. Ficamos na casa de Txisti até as 9 da manha (faltou dizer que ele tem um apê em Barcelona, na praia, e que pelas janelas além do vento frio também entravam os primeiros raios de luz do primeiro dia do ano). Mais já nao podíamos.

Na volta para casa, Jose e eu vimos alguns personagens e rachamos de rir, claro. Dormimos o resto do dia e só nos restou comer e ver filminho para completar a noite. E assim começou o meu ano, com trabalho, breja, amigos e beijo na boca. Reza a lenda que tudo que você faz na virada do ano passa os outros 364 dias fazendo. Assim espero.