sábado, 21 de junho de 2008

Lua cheia

Uma praia repleta de gente, o sol às 6h e uma surpresa

Alguns dados interessantes relativos a todos os dias que já passei aqui:
- Bebi cerveja todos os dias, sem furar. Exceto ontem, mas isso é pra logo mais.
- Comi bocadillos todos os dias. O que me deixou de recordaçao alguns estragos nas gengivas porque as baguetes daqui sao muuuuito crocantes. É que é tao gostoso e barato que é como Elma Chops, "impossível comer um só".
- Estou tomando um monte de água. Meu primeiro compromisso, assim que saio do hostel, é comprar uma garrafa de dois litros, que vou tomando pelos caminhos de meu Deus.
- Tive de comprar um adaptador para carregar a bateria da máquina. Ainda bem que foi barato.
- Comprei uma bolsinha para colocar na cintura. As que tenho, de ombro, me deixam marcas quando saio ao sol (e ontem, mesmo tendo-o evitado ao máximo, ainda ganhei duas novas marcas, da blusa e da bolsa).
- Meu instestino está funcionando que é uma beleza! A diarréia passou e agora ele está agindo como se estivesse em casa. Vai ver que é porque eu creio que estou mesmo na minha.
- Perdi a chave do quarto e tive que morrer com mais 10 euros. Hmpf!

- Sempre vejo alguém aqui que me lembra um amigo. Ou um lugar. Passei na frente de umas lojas Vans e lembrei do Ma. Saudade de vc, gatinho.

Bueno...Ontem nao fiz nada. Nada mesmo. Resolvi que nao queria praia, nao queria sol, nao queria caminhada. Queria apenas uma sombra, água fresca e um livro. E assim foi. Passei quase 4 horas sentada em frente à Catedral, num banco à sombra, lendo compulsivamente o livro que ganhei da Mo de aniversário. Já o terminei, é lindo. Chama-se "A Menina que Roubava Livros". Pesado, mas emocionante. Nao resisti e fui às lágrimas quando cheguei ao final. Hoje vou até à Fnac daqui para comprar outro livro. Pensei no "Cem Anos de Solidao". Tô meio a fim de ler mais uma vez essa doidera maravilhosa do Garcia Marquez.

Tá bom, você deve estar se perguntando: "Na Catedral, lendo??? Tudo bem que você gosta de ler, mas nada me convence de que você estava lá à procura do Bonete". Sim e nao. Gostaria, sim, de vê-lo. Pensei até em pagar uma voltinha de trixi para ficar com ele só pra mim por um tempo. Talvez eu até faça isso hoje. Mas ontem, nao. Nao o vi, devia estar de folga. A verdade é que queria mesmo sossego. E consegui.

Já de banho tomado, pensei em voltar à Catedral porque...se nao havia Bonete, ainda tinha um encontro com o Guillo (lê-se guijo). Ao caminhar, pensei que nao o encontraria lá, afinal passamos a noite passada grudados e nao rolou nem um beijo. E ao chegar...bum! Ele já estava lá. Aí é aquela coisa né: se só tem tu, vai tu mesmo.

Resolvemos ir ao Parc de la Ciudadel, que fica muito próximo da Catedral e eu nao conhecia ainda. Ele logo topou.

Curiosidades:
Todos os dias vou à Catedral e nunca entrei. Na verdade, nem tinha pensando nisso. Quando este pensamento me ocorreu, perguntei a Guillo se ele já havia adentrado e ele me respondeu que sim. Creio que farei isso logo menos.
Tudo que proponho é logo aceito pelo argentino. Será que ele tem receio de me contrariar ou está tao ao Deus dará que já tá valendo tudo?

Acho que esta história de ir ao Parque foi uma das melhores até agora. Que lugar! Enorme, todo verde, cercado de construçoes antigas e muito bem preservadas. Cheia de gente, grupos enormes de todas as partes...A tarde caia (era por volta das 20:30h) e nós encontramos um grupo. Estavam jogando bola e Guillo quis mostrar um pouco das suas habilidades. Nao só aprovei como tirei várias fotos. Uma belezinha.

Logo eles pararam com a bola, pegaram o haxixe e começaram a conversar. E eu junto, óbvio. Até que um louco começou a nos cercar, falar em árabe, completamente bêbado e ensangüentado. Vinha para cima das pessoas e isso me deixou bem assustada. Uma hora veio com uma pedra. Que loucura! E atrás tinha um outro que pedia para que ninguém se incomodasse porque este esta apenas bêbado. E nessa ele levou um celular de uma gringa. Quis ir embora.

Um aparte sobre a turma nova
Neste grupo havia um angolano, um tcheco, um português e outro que nao sei de onde era. Quando páro para relembrar como sempre estou cercada de gente, me vejo meio que como uma fogueira, onde as pessoas querem ficar perto para se aquecer do frio. É poético e totalmente despretencioso, acredite. Adoro estar sempre rodeada. E felizmente sempre sao gente do bem.

Entao o louquinho se foi e nós também. Fomos comer algo (achamos um restaurante chinês bem acessível. Comi um tipo de frango xadrez e ele um talharine com frango...nada mal) e resolvemos que depois iriamos a Bogatell (por indicaçao do angolano, que disse sempre haver por lá gente e festa). Andamos pra caralhoooooo, juro. Mas chegamos e valeu muito a pena. A lua estava cheia, nao havia uma nuvem sequer no céu e eu encontrei uma turma imensa de gaúchos. Já sabe o que aconteceu, né? Ou pelo menos faz uma vaga idéia? Entao vou ajudar. Cheguei perto, perguntei de onde eram e a coisa fluiu. Um tocava violao e me convidou a cantar algumas cançoes de Seu Jorge. O resto é isso mesmo, música e mais vinho.

Outro detalhe importante
Para regar o jantar, pedimos uma garrafa de vinho branco. Queríamos continuar no vinho e, no caminho para praia, encontramos uns gringos bem louros que ofeceram vinho tinto para nós. Claro, entre o encontro e o vinho houve aquela coisa toda de "Oh, Brazil..." que todo mundo tá careca de saber. Eram da Finlândia. Um pouco antes de finalmente chegar às areias, conseguimos comprar uma outra garrafa de tinto. Por 14 euros, àquela altura, a gente com a boca sedenta, valia o preço. E nem preciso dizer que valeu a pena.

Entao já passava das 4 e toda gente começou a ir embora...Devagar, as velas que circundavam nosso grupo (a festa era organizada mesmo!) foram sendo apagadas, as cangas sacudidas e os abraços distribuídos. Quando percebi...só nós. E a lua que brilhava no mar. Coisa mais linda de se ver.

Durante à noite, várias vezes pensei em beijar Guillo. Mas nao sei porquê nao o fiz. Acho que ele também deve ser adepto do que "se Maomé nao vai à montanha..." porque parece ter lido meus pensamentos. Como assim??? Só nós na praia??? Ainda descolamos uma canga que alguém esqueceu! Pimba. Quase que literalmente. Os pouquíssimos passantes certamente viram minhas petas e ele sem as calças. E daí?

Nao, infelizmente nao transamos porque...enfim, sem camisinha, nada feito. Mas a pegaçao foi das melhores!!! Ele quis descansar um pouco e eu fiquei acordada. Estava sem sono. Às 6h o acordei. O sol já estava subindo e tínhamos que voltar. Ele ainda quis comer entao passamos no McDonald´s (me recuso terminantemente de comer algo que nao seja daqui. Mc entao...jamais!). Eu preferi comer um Doritos do posto ao lado. Aí, de pança quase cheia ele veio. Certeiro como uma seta. O cansaço tirou até a minha força pra falar. Que dirá andar e estávamos a bem uns 4 ou 5 km de nossos respectivos hostels. Nao deu outra: táxi.

Às 7h, finalmente, cheguei à minha cama. As suíças nem se mexeram. Acordei às 11 e meia com uma bela surpresa: a moça da recepçao dizendo que eu tinha que ir embora. Perguntei "como assim?" porque, pelo que pensava, tinha pago até amanha. Mas nao. Entao lá fui eu até a recepçao, de cara amassada, bafo e tudo, pra pagar mais uma diária. Saco. Mas tudo bem. Voltei e...já que estava de pé, resolvi começar tudo mais cedo. Inclusive a escrever.

Os planos
Ao nos despedirmos, Guillo perguntou quando nos veríamos ou algo assim. Nem quis marcar nada, achei que ia dormir até umas 4 da tarde. Entao marcamos na Catedral, de novo, às 19h ou 20h. Das duas, uma. Ou eu o encontro e vamos terminar o que começamos ontem ou...ainda posso ver o Bonete. Ah, o Bonete...

Um comentário:

Zé Tadeu disse...

Uma semana e tanta coisa... invejo essa capacidade de fazer tudo acontecer!! To adorando as histórias. Isso vai dar livro certeza!